Internação de Yudi Tamashiro gera alerta sobre saúde mental; confira cinco dicas essenciais para se blindar do Burnout

José Fernandes Vilas, médico especialista em neurologia, psiquiatria clínica e medicina integrativa, ensina como enfrentar a síndrome tão temida nos dias de hoje

  • Por Renata Rode
  • 27/05/2023 10h14 - Atualizado em 29/05/2023 15h13
Reprodução/Instagram/yuditamashiro/03.03.2021 Yudi Tamashiro Yudi foi internado e recebeu o diagnóstico de Burnout

“Coloquei minha vida nesse projeto. Coloquei tanto que parei no hospital”, brincou Yudi Tamashiro, ao comemorar a alta hospitalar após um susto e o diagnóstico de Burnout. O apresentador foi hospitalizado às pressas no dia 23 com dores no estômago, boca ressecada e formigamento. Já em casa, ele ironizou os boatos sobre sua morte e explicou em um vídeo postado nas redes sociais que o esgotamento se deu por acumular a função de artista com a de empresário. A esposa, Mila, foi com ele até o hospital, pois os dois estavam com medo da possibilidade de um infarto. Após exames, a equipe médica chegou ao quadro de Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, que é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. Geralmente isso ocorre com pessoas que enfrentam situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade, sendo que a principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Atualmente, Yudi se dedica à criação de um curso sobre comunicação e pretende levar pessoas para sua empresa no Japão.

Mas é possível saber se posso estar com Burnout? “Claro que nada substitui uma consulta médica, mas há vários sintomas iniciais que podemos descrever para chamar a sua atenção, tornando mais rápido o seu pedido de ajuda. Existem pequenos sintomas que são os primeiros e mais sorrateiros: irritabilidade, impulsividade nas respostas, estar sem paciência no convívio com as pessoas, sensibilidade a barulhos e conversas do ambiente, cansaço físico mental, esquecimentos frequentes, choro imotivado, ansiedade, angústia, dificuldade para produzir ou sensação de improdutividade, preocupação excessiva com a esfera profissional, dificuldades no sono ou dormir muito e acordar como se não houvesse dormido absolutamente nada mesmo tendo dormido quase 12 hora seguidas. Se você tem esses sintomas, precisa procurar ajuda profissional”, alerta José Fernandes Vilas, médico especialista em neurologia, psiquiatria clínica e Medicina Integrativa Avançada pelo Hospital Albert Einstein. O autor do best seller “Quando o sucesso vira Burnout” elenca cinco dicas essenciais para que você se blinde do Burnout. Confira abaixo:

1) Saiba separar CNPJ de CPF. “Você deve estar se perguntando porque estou usando essas siglas, mas tenho um propósito com isso. Todos nós trabalhamos e nos projetamos na carreira profissional visando o CNPJ, porém, antes de mais nada, somos pessoas, ou seja, somos CPF, temos família, filhos e agregados”, diz. Na ânsia de prosperar e com a evolução natural da vida, nos jogarmos de cabeça na profissão em busca de um sonho, principalmente quando recebemos uma oportunidade que pode mudar o nosso destino. Somos definitivamente arrastados pelos sonhos, e esse ponto é crucial pois é exatamente nesse momento que abandonamos em primeiríssima mão a saúde física e mental. O segredo está no equilíbrio;

2) Estabeleça uma vida regrada e saudável. Entenda que o eixo da nossa vida está em três pilares: alimentação, sono e atividade física. Não adianta dormir poucas horas por noite e no outro dia querer produzir 16 horas consecutivas. “A conta não fecha, já que o sono é o momento em que o organismo recarrega as energias, restabelece o que chamamos de homeostase corporal (equilíbrio) através da liberação de melatonina – nosso hormônio do sono. Durante o sono reconfiguramos e catalogamos (registramos) memórias, liberamos o hormônio do crescimento, preparamos o nosso corpo para estar em vigília no outro dia, realinhamos a produção de testosterona, diminuímos o hormônio do estresse (cortisol). Você sabia que para estarmos acordados, em vigília, precisamos do cortisol, o hormônio do estresse? Então, imagina se não dormimos, esse hormônio fica 24 horas ‘bombando’ em nosso corpo gerenciando o funcionamento corporal. Você quer isso para você?”, questiona Vilas;

3) Invista em uma dieta sem glúten, lactose e derivados de farinha branca, já que estes alimentos são os principais responsáveis por todos os desastres e desajustes hormonais, nutricionais, inclusive, psicológicos em nossa geração. “A ciência já comprovou que esses alimentos, ao entrarem em contato com a parede do intestino, geram uma reação inflamatória local, o que causa uma grande desordem na flora bacteriana intestinal. Isso leva a um processo de desabsorção de vitaminas e minerais. Automaticamente, você gera, com essa alimentação inflamatória, o baixo funcionamento do intestino. Agora, o elemento crucial do nosso bem estar é a serotonina – 90% deste neurotransmissor é produzido no intestino, ou seja, se ele não atua corretamente, você não vai ficar bem. Então, não há outra alternativa senão mudar seu padrão alimentar;

4) Atividade física é de fato importante. A Organização Mundial da Saúde preconiza 150 minutos por semana de atividade física para que você saia do sedentarismo. Sabe-se que a atividade física reduz o estresse em 70%, inclusive aumenta a produção de testosterona melhorando a libido e a disposição. A atividade física aumenta a liberação de hormônio do crescimento GH que é fundamental para manter nossas células jovens, saudáveis e, principalmente, livre de toxinas e radicais livres;

5) Mantenha contato com a natureza. “Você sabia que 120 minutos por semana dentro de uma floresta ou caminhando em um parque ao ar livre ou estar em um sítio rodeado por árvores e muito verde é capaz de reduzir drasticamente os níveis de cortisol, nosso hormônio do estresse? Exatamente. No Japão, o centro de pesquisa no assunto de redução do estresse através do contato com a natureza, intitulou o movimento como ‘banho de floresta’. Inclusive, os japoneses têm investido milhares de dólares em repaginação de seus hospitais, transformando a estética convencional em lugares aconchegantes com uma ‘pegada’ de jardim de inverno, paredes com fotografias de florestas ou campos verdejantes. A resposta a esta mudança tem sido tão eficaz que já chegou ao Brasil no Hospital Albert Einstein, em São Paulo”, finaliza o médico.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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