Constantino: Bolsonaro dá aval para estratégia de conflito permanente de seus filhos

  • Por Jovem Pan
  • 14/10/2019 09h33 - Atualizado em 14/10/2019 09h36
Reprodução/Flickr Presidente ainda tem a mesma percepção da época da campanha eleitoral

Um dia após a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) ter destacado a necessidade de unidade da direita, que vive disputas internas um ano após a eleição de Jair Bolsonaro, apoiadores do presidente discutiram entre si nas redes sociais. Neste domingo, 13, o senador Major Olimpio, líder do PSL no Senado, e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), trocaram mensagens críticas via Twitter.

“Infelizmente não é apenas uma briga de internet, uma treta que devesse ser ignorada ou que servisse para divertir as pessoas, para puro entretenimento. E porque? Em primeiro lugar porque, obviamente, se trata de um senador do PSL, que é o partido do presidente, e do filho do presidente. Em segundo lugar, alguns ainda tentam diminuir isso com argumentos do tipo ‘ah, ninguém liga muito para o que os filhos do presidente falam, a gente sabe que é assim, tem que ignorar’, só que isso tem consequências, né. A fritura de ministros e aliados importantes do governo já se mostrou concreta, pessoas relevantes e com longa data de relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro já caíram. Então é óbvio que isso gera uma apreensão.

Tivemos a ótima reportagem do diretor da Jovem Pan, Felipe Moura Brasil, na revista Crusoé, mostrando os militantes de crachá. Então quando você junta essa postura tribal e agressiva dos filhos do presidente com essa turma que está, de alguma forma, encrustada dentro do governo, recebendo dinheiro público e bancando esse tipo de ataque vil e declarações de guerra, é óbvio que isso acedente luzes de alerta e é relevante para o país.

Essa situação cria esse clima de tensão política no Brasil, é como você chamar pessoas que são especialistas em dinamitar pontes para construí-las. É óbvio que não vai dar certo. Então essa área do bolsonarismo sempre investiu muito na cizânia, na ruptura, na briga, no conflito permanente como estratégia. Mas não é apenas nessa ala: o próprio presidente, quando vem à publico falar desses casos, é sempre para endossar a postura dos filhos ou de sua militância mais aguerrida e fanática.

Bolsonaro mesmo disse que o filho foi fundamental para sua vitória. Pode até ter sido, mas uma coisa é a estratégia de campanha eleitoral, outra coisa é governar o país. E esse é que é o ponto. Eles se inspiram em Trump, mas vale lembrar que o presidente norte-americano trocou seu estrategista depois de vencer as eleições.

Claro que essa briga tem como pano de fundo o racha iminente do PSL e uma disputa por dinheiro, por poder, controle do partido e por recursos. É óbvio que é isso que está em jogo e não pode acabar bem e é óbvio que é ruim para o país e para o governo. Tem muitos méritos, bons ministros, agenda reformista decente, mas fica esse obstáculo no meio do caminho produzido, em boa parte, pelos filhos do presidente e sua militância mas com aval implícito do próprio Bolsonaro”, avaliou Constantino.

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