Canais dos EUA que interromperam discurso de Trump fizeram censura, diz Oyama

Apesar de classificar fala do presidente sobre ‘fraude eleitoral’ como ‘vexame’, Oyama chamou decisão das TVs de paternalista; assunto foi debatido no programa 3 em 1

  • Por Jovem Pan
  • 06/11/2020 18h21 - Atualizado em 06/11/2020 19h02
EFE/EPA/CHRIS KLEPONIS / POOL Donald Trump Presidente deu discursos com acusações sem provas nesta quinta

O discurso feito por Donald Trump na noite desta quinta-feira, 5, durante a apuração dos votos para presidência dos Estados Unidos, foi polêmico e marcado por informações não confirmadas sobre supostas fraudes na contagem de alguns dos estados-chave. Por cerca de 15 minutos, o republicano disse que “eles” estavam “tentando roubar” a vitória e prometeu judicializar a decisão em busca do que ele chamou de “votos legais”. Por causa das falas do presidente, alguns dos maiores canais norte-americanos interromperam a transmissão alegando que não repassariam mentiras aos telespectadores. O assunto foi um dos temas de debate do programa 3 em 1, da Jovem Pan, desta sexta-feira. Para a jornalista Thaís Oyama, mesmo que o presidente tenha feito um discurso vexatório, as TVs fizeram censura e sinalizaram uma espécie de paternalismo em relação aos espectadores.

“Detestei a decisão da maioria dos canais americanos de simplesmente cancelar o presidente Trump porque ele estava dizendo uma deslavada mentira. Achei isso uma coisa ultrajante e detestável. Na minha opinião, além de uma medida autoritária foi paternalista porque fica tratando o ouvinte, o espectador como um ser idiota, um ser que precisa ser protegido de bobagens, de mentiras ditas pelo presidente”, afirmou. “O que eu acho que houve nesse caso é censura e qualquer censura é abjeta, parta ela do estado, dos canais de TV ou dos tribunais das redes sociais também”, disse. Oyama considerou a reação de Trump durante o discurso como a de um “menino mimado que está perdendo o jogo”. “Ele equiparou o país que ele preside a uma república de bananas, ele desrespeitou as instituições, desrespeitou as pessoas que. Foi uma coisa inédita, nunca vista e claro que teve o potencial de esquentar e acirrar os ânimos”, analisou.

Adrilles Jorge afirmou que o presidente tem razão em desconfiar da contagem de votos, disse que ele não age com a postura de um estadista e criticou a mídia local pela interrupção do discurso dado pelo presidente na quinta-feira. “O ataque visceral foi dado ontem pela própria mídia. A gente tem que reiterar aqui que a mídia foi em quase sua totalidade um cabo eleitoral ostensivo para a candidatura de Joe Biden. Quando você tem uma mídia que é cabo eleitoral, que não se apoia no princípio de bilateralidade, isso sim coloca a democracia em jogo”, criticou. Para Josias de Souza, a ascensão de Biden joga luz em dois possíveis problemas a serem encarados no caso de uma vitória do democrata: a batalha judicial a ser imposta por Trump em caso de derrota e os anos de polarização que devem se seguir após uma eleição tão acirrada. “Trump se parece mais com um elefante ferido que está ali solto no salão oval. Abater um elefante é mais fácil do que remover o corpo, sobretudo quando o bicho ainda respira e faz discursos que chegam a deslustrar a democracia americana como o discurso que ele fez na noite passada”, disse, lembrando que quem dá as cartas na política dos Estados Unidos até o dia da posse do próximo presidente é, sem dúvidas, Donald Trump.

Assista ao programa 3 em 1 desta sexta-feira, 6, na íntegra:

 

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