Constantino: Plataformas como YouTube censuram e perseguem apenas a direita

Suspensão da conta do ‘Terça Livre’ do YouTube foi tema de debate entre os comentaristas do programa ‘3 em 1’, da Jovem Pan, nesta quinta-feira, 4

  • Por Jovem Pan
  • 04/02/2021 18h22 - Atualizado em 04/02/2021 19h26
Alessandro Dantas/Agência Senado - 04/02/2021 Homem depõe em comissão mista do Congresso Canal Terça Livre, de Allan dos Santos, foi banido Telegram neste sábado, 26

Um contrato publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 4, determina o pagamento de R$ 359.502,00 em um acordo feito sem concorrência por serviços técnicos de manutenção com a suposta empresa de um dos sócios ocultos do site “Terça Livre”, Bruno Ricardo Costa Ayres. O empresário já foi ouvido pela Polícia Federal no inquérito que investiga organização e financiamento de atos contra o Supremo Tribunal Federal e o serviço prestado pela marca dele foi considerado pelo governo como imprescindível para a continuidade das atividades integradas entre governo e sociedade civil. A informação, do G1, foi divulgada no mesmo dia em que o canal do Youtube do Terça Livre foi retirado do ar pela plataforma com a justificativa de violação dos termos de serviço. A polêmica em torno da contratação da empresa e da suspensão do canal foi tema de debate entre os comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, nesta quinta-feira, 4.

Rodrigo Constantino considerou a suspensão do canal como um “absurdo” e pontuou que o argumento de que empresas privadas têm direito de silenciar as contas é frágil, já que grandes sites como o YouTube e o Twitter cresceram como plataformas neutras. “É como uma empresa de telefonia começar a dizer que você pode ou não pode ligar. São praças públicas da era moderna que estão censurando e perseguindo a direita. Não há nada parecido e análogo à esquerda. Você pode destilar ódio e teorias conspiratórias. Se estiver do lado certo e pertencer ao clubinho, tem salvo conduto; se for do outro lado e contestar a OMS já pode levar strike. Eu levei dois por isso”, afirmou. Para ele, a punição só é aplicada contra “qualquer um que desvie uma vírgula da cartilha politicamente correta, pseudo-científica dos progressistas atualmente”. Constantino analisou que os jornalistas que comemoram o banimento de Allan dos Santos têm pouco apreço pela liberdade de expressão e relativizou o valor de R$ 300 mil recebido pela empresa, se questionando como seria o país se, na era do PT, o mesmo escrutínio fosse feito com gastos desse tamanho. “Nada se compara àquela blogosfera criada com recursos públicos do PT. Mesmo assim, eu acho que tem que ter escrutínios. Sou contra [a contratação do modo como foi feita]”, opinou.

Marc Sousa também considerou o banimento do canal como “censura” e disse que, mesmo tendo críticas contra Allan dos Santos, não acha aceitável ceifar alguém de dar a sua opinião no mundo. “É a liberdade. Ele fala o que entende ser correto e as pessoas escolhem assistir ele ou não”, pontuou. Para ele, a desculpa de “violação de termos e serviços” é vaga e não justifica os motivos reais pelo qual o canal foi retirado do ar. “São empresas que se forjaram numa neutralidade e monopolizaram o serviço de tal forma que outras redes sociais que querem oferecer o serviço no mercado, não conseguem se estabelecer”, afirmou. O comentarista também defendeu a teoria de que só a direita é perseguida pelas empresas de comunicação: “Eu desafio aqui você achar algum canal que fale bem do Lula que foi retirado do ar por algum motivo semelhante”, pontuou. Para ele, a história envolvendo o “sócio oculto” do Terça Livre é legal aos olhos da lei, mas deve ser considerada como “estranha” e tratada com lupa.

Diogo Schelp lembrou que contratos sem licitação são grandes oportunidades para favorecer amigos e esquemas de corrupção e questionou se somente essa empresa seria capaz de fornecer o serviço para o governo. Ele lembrou que a existência de blogs pró-governo não é algo exclusivo dos bolsonaristas. “Todo governo sonha em ter apenas mídia a favor. Bolsonaro sonha com mídia a favor, assim como os governos do PT sonhavam com uma mídia a favor. A imprensa profissional e independente incomoda porque se dedica a escarafunchar e apontar problemas na gestão do poder público”, pontuou. Segundo ele, nos tempos do PT a verba publicitária do estado era direcionada para blogs de esquerda, que ganhavam mais em relação à audiência do que veículos maiores. O jornalista viu a derrubada do canal do YouTube como uma “grande discussão sobre liberdade de expressão no Brasil e no exterior” e lembrou que teorias conspiratórias são parte de vários canais da plataforma, não só do Terça Livre. “A princípio eu sou contra a retirada desse tipo de conteúdo, acho que deve valer a liberdade de expressão quando se trata de questões políticas, há não ser que tenham sido cometidas falhas graves, como incitação à violência ou suicídio”, afirmou.

Confira o programa “3 em 1” desta quinta-feira, 4, na íntegra:

 

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