Constantino: Quem menciona ‘golpe’ ao ver Pazuello em evento não levanta voz para falar da politização do STF
Decisão do Exército de não punir general por participar de passeio de moto com Bolsonaro no Rio foi comentada no programa ‘3 em 1’ desta quinta-feira, 3
O Exército brasileiro anunciou nesta quinta-feira, 3, que decidiu não punir o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, por sua participação em um evento político ao lado do presidente da república, Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro no último dia 23. Pazuello subiu em um palanque ao lado de Bolsonaro e fez um pronunciamento sem a utilização de máscara. Segundo a corporação, o processo foi arquivado por não ter sido caracterizada a “prática de transgressão disciplinar”. O assunto foi debatido por comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, desta quinta-feira, 3. Para Rodrigo Constantino, apesar da preocupação de não misturar entidades de estado com o governo em uma República ser legítima, a situação enfrentada por Pazuello foi de “muita histeria” e “muito barulho por nada”.
“O que causa realmente espanto nessa história toda é o grau de histeria em relação a esse evento, que não era exatamente um evento de palanque eleitoral”, afirmou. Constantino lembra que Pazuello é ex-ministro, não estava fardado e estava passeando de moto. “Deixando tudo isso de lado, é debatível se ele deveria ter ido ou não, se ele poderia ter ficado fora disso, num ato talvez de excesso de cautela e zelo. Poderia ter feito sim, é criticável, ele ter ido. Daí a pularem para golpe, isso aí é mais uma narrativa. O mais curioso é que vem dos mesmos que não levantam uma voz para falar da extrema e escancarada politização do Supremo Tribunal Federal, a entidade mais importante para resguardar a Constituição e que virou um partido de oposição ao governo federal, com vários petistas ali dentro perseguindo bolsonaristas com inquéritos ilegais”, afirmou. O comentarista citou momentos em que os ministros teriam comparado o governo de Bolsonaro com o nazismo e feito lives com advogados da esquerda, assim como falando de eleições e das possibilidades de não se repetir o que aconteceu em 2018.
Jorge Serrão também concorda que Pazuello não deveria ser punido e lembra que antecipou em coluna na Jovem Pan e no site dele a informação de que Pazuello não seria punido. “Tem aquele provérbio que diz: manda quem pode e obedece quem tem juízo. Aqui no Brasil ele é um pouco adaptado para: manda quem pode e obedece quem não tem jeito. Nesse caso específico, o Jair Messias Bolsonaro, ex-capitão do Exército brasileiro, agora presidente da república, é comandante-chefe das Forças Armadas. Ele nomeou Eduardo Pazuello secretário de assuntos estratégicos da Presidência da República. Aquilo ali por si só já foi uma sinalização de que não era para punir Pazuello. O Exército entendeu muito bem a mensagem e fez a interpretação”, afirmou. Para a jornalista Amanda Klein, a punição a Pazuello deveria ter sido aplicada. “Para o que deveria, o alto comando do exército, o comandante do exército saem totalmente desmoralizados desse episódio, então as baixas patentes, sargentos, capitães, tenentes, estão totalmente liberados para subir em qualquer palanque eleitoral neste ano e quiçá no ano que vem, que é ano de eleição”, afirmou. Ela lembrou que o ato do qual Pazuello fez parte deveria ter sido classificado como político e que as normas do Exército vedam a participação de militares da ativa em atos do tipo. “O comandante do Exército, o Paulo Sérgio Nogueira, estava em uma situação muito difícil, muito sensível, porque o presidente Bolsonaro expressou a ele que não queria que Pazuello fosse punido. Essa decisão veio como uma surpresa porque a expectativa no alto comando, que foi até verbalizada publicamente algumas vezes pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão, é que houvesse pelo menos uma punição branda, a mais branda possível a Pazuello, uma advertência para que aquilo ficasse registrado no Exército e principalmente para que aquilo servisse de advertência para as baixas patentes”, afirmou.
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