Major Olimpio: me sinto um ‘bobo da corte’ por ser o que mais defende Bolsonaro e o PSL
Senador afirmou que ‘lamenta’ discussões com filhos do presidente
O líder do PSL no Senado, senador Major Olimpio (PSL-SP), lamentou nesta segunda-feira (14) as discussões recentes que teve com os filhos do presidente Jair Bolsonaro — o vereador Carlos (PSC-RJ), o deputado federal Eduardo (PSL-SP), e o senador Flávio (PSL-RJ). “Lamento que isso esteja ainda acontecendo, mas reafirmo que tenho compromisso com os ideais do presidente e do partido”, disse ao programa 3 Em 1 da Jovem Pan.
A última troca de insultos aconteceu com o “filho 03” neste domingo (13). Carlos escreveu que o Major era um “bobo da corte” que “diz absurdos”, e ele rebateu chamando o vereador de “moleque” e sugerindo “internação psiquiátrica”.
Sobre o episódio, Olimpio afirmou que muitas vezes realmente se sente “um bobo da corte” por ser a pessoa que “mais defende Bolsonaro e o PSL” no Congresso. “Eu votei , apoiei e continuo apoiando o presidente, mas isso já me deu os dissabores suficientes. O maior acaba sendo de caráter pessoal, e não político”, explicou.
Discussão com Flávio
O senador disse que acredita que a briga com Carlos começou por um “sentimento de defesa” frente às suas declarações anteriores sobre outros parlamentares do PSL, principalmente o senador Flávio Bolsonaro, com quem se desentendeu após terem demonstrado posicionamentos contrários em relação à CPI da Lava Toga.
“Isso se iniciou um processo de fissuras, pra mim não tem mais conversa. Fiz comentários sobre a implosão do partido aqui em São Paulo e tenho assistido a pessoas sendo arrancadas das executivas nacionais por não serem ‘conservadores o suficiente’ para representarem o PSL nos municípios. Isso aborrece todos nós do PSL”, afirmou.
Ao ser perguntado se teria medo de ser expulso do partido por esses posicionamentos, respondeu que “fará de tudo para que não se confundam as coisas”, mas que “já está velho para se submeter a situações que possam se confrontar com o que acredita”.
“Eu vou continuar defendendo, apoiando, ele [Bolsonaro] quer o melhor para o Brasil, mas não posso responder por ele e não mudo um segundo no meu posicionamento por receio a isso. Pessoas foram desconsideradas por terem entrado na linha de tiro dos filhos, mas não vou deixar de dizer e agir no que vejo que não está correto.”
Saída do PSL
O senador declarou também que “não se sente traindo Bolsonaro” e reafirmou que a maior força política do PSL é o presidente. Nos últimos dias, gerou polêmica uma possível saída de Bolsonaro da sigla e os desentendimentos com o presidente do partido, Luciano Bivar. Olimpio, no entanto, acredita que “os dois se completam” e defendeu “buscar essa união” e “desfazer o mal entendido”.
Na última sexta-feira (11), Bolsonaro e mais 21 parlamentares da legenda requereram ao diretório nacional que apresente informações sobre as contas da sigla. “Foi muito agudo para o Bivar e para todos nós recebermos uma notificação assinada pelos parlamentares e pelo próprio filho do presidente pedindo para ver as contas do PSL. O sentimento é de tristeza”, declarou o senador.
Uso de verba pública no CPAC
Major Olimpio criticou, ainda, o uso de mais de R$ 1 milhão aos cofres do PSL, obtidos do Fundo Partidário, para pagar a realização do CPAC Brasil — um dos maiores eventos conservadores do mundo, organizado por Eduardo Bolsonaro.
Ele deixou claro que é contrário ao Fundo Partidário e classificou a destinação para custear o evento como um “desrespeito ao dinheiro público”. “Tomei conhecimento pela imprensa que os recursos foram pela Fundação Indigo, que é do PSL. Um valor exorbitante, desproposital, não acho que foi um bom uso de recurso público.”
Vaias para Doria
O governador João Doria (PSDB) disse que as vaias que sofreu na última sexta (11), quando estava ao lado do presidente Bolsonaro, em um evento da Polícia Militar no Anhembi, foram “orquestradas” por Olimpio e que elas “não têm nenhum valor”. Ele chamou o senador de “ativista de rua” que tem “comparsas”.
Sobre esse assunto, Olimpio respondeu que “não havia essa necessidade” e que as vaias foram “espontâneas”. Além disso, afirmou que o fato aconteceu pois Doria “não cumpre com os seus compromissos e os esquece muito rápido”. “Não adianta fazer propaganda de segurança pública, que tem uma legião de ‘robocops’, isso não engana mais ninguém. É embuste”, disse. “Eu sou um ativista da sociedade, uma voz por São Paulo”, completou.
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