Paulo Figueiredo: Moro é ‘senhor vaidade que resolveu sair do governo dando espetáculo’

Papel do ex-ministro no inquérito pelo qual Jair Bolsonaro é investigado por suposta interferência na Polícia Federal foi tema de debate no programa 3 em 1

  • Por Jovem Pan
  • 27/11/2020 18h26
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Sérgio Moro Moro pediu demissão no fim do mês de abril

A Advocacia Geral da União informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta quinta-feira, 26, que o presidente Jair Bolsonaro desistiu de prestar depoimento sobre inquérito que investiga suposta tentativa de interferência dele na Polícia Federal, paralisado desde setembro. A investigação foi aberta após o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, denunciar que Bolsonaro queria indicar para o cargo de diretor da PF no Rio alguém de confiança que pudesse adiantar informações. Na ocasião, a indicação do delegado Alexandre Ramagem chegou a ser suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A polêmica em torno da nomeação foi tema de debate entre comentaristas do programa 3 em 1, da Jovem Pan, nesta sexta-feira, 27.

Paulo Figueiredo Filho deu razão a Bolsonaro e criticou a ação do ex-juiz ao pedir demissão. “O senhor vaidade, o ex-ministro Sergio Moro, resolveu sair do governo dando espetáculo. Convocou uma entrevista coletiva, quando ainda era ministro, para anunciar que estava deixando o governo. Tudo em nome da sua biografia, né?”, disse, relativizando a denúncia de Moro sobre interferência na PF ao afirmar que Ramagem não era um “amigo do bar” ou “desqualificado”. “Era pra ser da confiança de quem? Do Moro? Se o presidente, que tem a prerrogativa de nomear o diretor da Polícia Federal, não vai nomear uma pessoa da sua confiança, vai nomear uma pessoa da confiança de quem? Do Moro? Se o Moro quisesse nomear o diretor da Polícia Federal bastava ele concorrer à presidência e ganhar. Aliás, ele vai ter a sua oportunidade em 2022, que parece que ele quer bastante, mas em 2018 ele não fez”, disse, alegando que o presidente apenas cumpriu a lei.

Thaís Oyama lembrou que do ponto de vista da defesa de Bolsonaro, a decisão de não prestar depoimento faz sentido, já que evita que o presidente seja visto como “interrogado” pela PF e que ele produza possíveis provas contra ele mesmo. Ela lembrou que quem vai analisar o pedido para que o depoimento seja prestado por escrito é o ministro Alexandre de Moraes, que até o momento não levou decisão para plenário como prometido e também foi responsável por outra decisão envolvendo o caso. “Ele vetou em decisão monocrática a contratação do delegado Alexandre Ramagem, que além de delegado é amigo do clã Bolsonaro, amigo dos filhos do Bolsonaro, foi segurança do então deputado Bolsonaro depois da facada e é o tipo de sujeito que, como gosta de falar o presidente, toma tubaína com ele no bar”, lembrou. “Vamos ver se o STF vai engolir essa educada recusa do presidente em decoro”, disse.

Para Josias de Souza, a recusa de Bolsonaro é fruto de uma pressa do presidente para o arquivamento do caso. “Ele está convencido de que o Procurador Geral da República, Augusto Aras, não vai denunciá-lo e quer adiantar o relógio”, opinou. Ele disse, ainda, que os dois personagens mais criticados pelo presidente durante toda a polêmica, Sergio Moro e Alexandre de Moraes, terminaram sendo aqueles que mais o ajudaram, já que a denúncia do ex-juiz fez com que a nomeação de Ramagem, que é amigo da família, fosse suspensa. “Com isso, não haveria sobre a mesa elemento para acusar o presidente de um crime que não chegou a ser cometido”, disse. Josias também lembrou que é direito constitucional do presidente permanecer em silêncio. “Se ele não quer falar, cabe à Polícia Federal informar o que apurou nessa sua investigação”, pontuou.

Veja o programa 3 em 1 desta sexta-feira, 27, na íntegra:

 

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