Barragem não rompe por acaso, diz promotor sobre tragédia de Mariana – MG
O Ministério Público mineiro abriu um inquérito para investigar as causas do rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana.
Até o momento, o Corpo de Bombeiros local não confirmou o número de vítimas, nem a dimensão dos danos na região. Entre eles, José Fiúza da Silva, que morreu de parada cardíaca após o desastre que deixou entre 25 e 30 pessoas desaparecidas na região.
O promotor de Meio Ambiente Público, Carlos Eduardo Ferreira, afirma que o caso é uma tragédia sem precedentes: “É importante dizer para todos os cidadãos que nenhuma barragem de rejeitos rompe por acaso, não existe fatalidade neste tipo de eventos. O Ministério Público está utilizando todos os seus esforços técnicos e jurídicos para detectar as causas”.
A mineradora Samarco, responsável pela barragem, afirma que priorizou o atendimento às vítimas e os esforços para amenizar os danos ambientais. A empresa havia pedido nova área para a construção de nova barragem de rejeitos já que o espaço do Fundão estava no limite.
E o Prefeito de Mariana, Duarte Eustáquio Gonçalves Júnior, ressalta que o acesso à região do distrito de Bento Rodrigues foi bloqueado pela lama. Ele afirma que a velocidade da inundação pode ter dificultado a saída das pessoas da área: “Se ela tiver chegado de uma forma serena, com certeza as pessoas conseguiram escapar para um local mais alto, mas se ela chegou de forma muito rápida, aí não dá nem para imaginar”. O prefeito destacou que as famílias foram retiradas das áreas próximas devido ao risco de novas inundações.
O presidente do Sindicato da Indústria da Extração de Minérios de Mariana, Ronaldo Bento, diz que as condições de trabalho na barragem eram normais: “Segundo informações da Samarco, houve um tremor de uma escala que não conseguimos mapear, que pode ser o que desencadeou a fatalidade”. Ele relatou que pelo menos cinco funcionários foram resgatados da área da barragem com escoriações, mas que há dezenas de desaparecidos.
O especialista em gerenciamento de riscos, Gustavo Cunha Mello, ressalta que o tremor de terra apontado pelos funcionários poderia provocar o acidente: “É possível ter sido um abalo sísmico, um erro de projeto, um excesso de descarga e depósito não planejado, uma chuva acima do esperado”. Ele salienta que até material corrosivo não planejado no despejo de rejeitos pode derrubar uma barragem.
Por isso, ele lembra que além da inundação, o rompimento da barragem pode contaminar a área devido aos materiais usados pela mineradora.
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