Cacique Zokezomaiake faz apelo para que governo invista em indigenistas em vez de ONGs
Liderança Haliti Paresi participou do programa ‘Direto ao Ponto’ desta segunda-feira, 20, para debater sobre a ‘Amazônia Invisível’ e seus problemas
Desde o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips no Vale do Javari, no Amazonas, no início do mês de junho, a Amazônia virou pauta recorrente no noticiário brasileiro. Para discutir sobre a ‘Amazônia Invisível’, o programa Direto ao Ponto desta segunda-feira, 20, trouxe especialistas para debater o assunto. Um dos presentes na mesa foi o cacique Ronaldo Zokezomaiake, liderança Haliti Paresi, que fez um apelo para o governo federal: reestruturar a rede de indigenistas pelas aldeias. “Hoje há ausência dos indigenistas e de parte do Estado pela Funai. Está escasso já que no governo passado fizeram uma restruturação na Funai e essa restruturação tirou os indigenistas da ponta e colocou nas cidades, na central. Então ficou descoberto, hoje em dia temos a carência dessas pessoas, dos profissionais que faziam esse monitoramento e proteção com os índios no próprio território, na assistência aos povos. Temos muitas comunidades que são carentes de assistência e até mesmo da questão de documentação. Existem povos com essa dificuldade e isso era feito pelos indigenistas”, explicou.
Segundo Zokezomaiake, os indigenistas fazem um papel muito melhor do que as ONGs. “Queria fazer um apelo ao governo federal que continuassem com essa categoria dos indigenistas porque eles conhecem a realidade dos índios. A maioria das ONGs não conhecem a realidade, os indigenistas são capacitados e treinados para viver junto aos indígenas. A maioria fala a língua fluentemente, as coisas ficam bem mais fácil. Existem algumas ONGs boas. Como qualquer sociedade existe coisas boas e ruins, mas tem aqueles que só querem aproveitar a oportunidade para engessar a população indígena e que nós não somos capazes de falar sobre nós. Isso não é verdade, temos nossas organizações, cooperativas e isso demonstra que queremos ir para frente. Falar que ‘as ONGs vem para proteger os indígenas’ isso não é mais verdade, porque a maioria da população indígena já entende. Estamos há mais de 500 anos aqui, estudamos, sabemos nossas necessidades. O estado brasileiro precisa nos reconhecer como parte da população brasileira, que temos nossos direitos e nossas vontades”, completou o cacique.
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