‘Não tem reforma administrativa sem a sociedade pressionar’, diz ex-ministro da Infraestrutura João Santana

O advogado que esteve no governo Fernando Collor participou do programa ‘Direto ao Ponto’ desta segunda-feira e falou sobre privatizações e o inchaço da máquina pública

  • Por Jovem Pan
  • 21/06/2021 23h00
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Reprodução/ Youtube João Santana, ex-ministro da infraestrutura

O advogado e ex-ministro da Infraestrutura no governo Fernando Collor, João Santana, participou do programa ‘Direto ao Ponto’ desta segunda-feira, 21, para conversar sobre seu novo livro “O Estado a que chegamos” e sobre privatizações e a situação atual do governo brasileiro. De acordo com ele, uma das pautas de mudanças no Brasil mais importantes é a reforma administrativa, mas ela só virará realidade se a população se conscientizar de sua importância. “Não há outra maneira de fazer sem a sociedade pressionar e olhar isso com interesse. Se deixarmos a solução na mão do Congresso, o Congresso vai ceder às corporações que estão em Brasília. Quando eu digo isso não é o funcionário mais humilde, são os funcionários mais importantes, como as carreiras jurídicas, do judiciário, do Ministério Público e etc. Elas estão ao lado do Congresso Nacional e fazem pressão e impedem que se liberte desse julgo que é o coorporativismo nacional”, disse João. O ex-ministro também explicou onde que a reforma é mais necessária.

“Do orçamento federal, o gasto com o serviço público é coisa de 60% a 70% e são os principais dados que precisamos verificar. Tem uma verificação clássica que diz, a cada R$ 1 que você gasta com saúde, apenas R$ 0,35 chegam para o doente. A cada R$ 1 com educação, apenas R$ 0,38 chegam na sala de aula. Isso significa que o estado está inchado na atividade meio. O Estado está em todos os lugares menos onde ele deveria estar, na ponta”, explicou. Questionado sobre privatizações, João comentou sua visão. “Não tem sentido o estado brasileiro ser dono da Petrobrás, tem que privatizar logo antes que ela valha menos do que vale hoje, porque a tendência de uma empresa de petróleo, se ela não se modernizar e investir em outras fontes de energia, vai valer cada vez menos, porque o petróleo está sendo questionado dia a dia. Também não tem sentido o estado ter um banco (do Brasil) e a Eletrobrás é um outro exemplo”, disse.

Perguntado sobre uma proposta de ‘estado mínimo’ que não vingou no governo Bolsonaro para uma possível eleição em 2022, João explicou como essa pauta pode ganhar apoio da população. “Eu acho que é um discurso que, se for bem colocado para a sociedade, ela absorve. Porque a sociedade não gosta desse desmando do Estado, da falcatrua. Você vê o apoio que a sociedade dá para campanhas anticorrupção e até a reforma da previdência. No Collor quando fizemos o programa de privatização, fizemos uma pesquisa e a maioria da população era a favor da privatização. Isso nos assustou até. Acho que explicar a necessidade da mudança de Estado, você ganha. Mas tem um componente que precisa mostrar para a sociedade, que isso vai produzir uma maior igualdade econômica. O maior problema do país é uma desigualdade na concentração de renda”, contou.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com o ex-ministro João Santana:

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