Onyx Lorenzoni diz que governo deve lançar novo Bolsa Família até o fim de janeiro

Ministro da Cidadania afastou a possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial e afirmou que recursos virão do próprio orçamento da pasta: ‘Não há espaço para inventar’

  • Por Jovem Pan
  • 19/01/2021 00h25 - Atualizado em 19/01/2021 00h26
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Jovem Pan/Youtube Direto ao Ponto Onyx Lorenzoni foi o convidado do Direto ao Ponto desta segunda-feira, 18

Com o fim do auxílio emergencial e sem perspectiva de manutenção do benefício, o governo trabalha com a criação de novos programas de transferência de renda para os brasileiros. O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), afirmou nesta segunda-feira, 18, em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, que o novo Bolsa Família e a proposta de micro crédito digital produtivo, desenhada para os 26 milhões de invisíveis que não constavam em cadastros anteriores, devem ser lançados até o final de janeiro. Segundo ele, a pasta só aguarda uma autorização de Jair Bolsonaro. “O presidente deve autorizar que a gente apresente um novo Bolsa. Vai ser o Bolsa Família mesmo, não tem porque mudar, é o programa que as pessoas estão acostumadas”, esclareceu Lorenzoni. De acordo com ele, o novo programa deve ter ticket mínimo superior a R$ 200 e buscar uma emancipação das famílias. “Vamos dar garantia para as famílias. Se a pessoa se empregou e perdeu o emprego por algum motivo, pode voltar para o programa, sem entrar na fila”, explicou. O ministro foi sabatinado pelo apresentador Augusto Nunes, pela editora da “Revista Oeste”, Paula Leal, pelo repórter de política do portal JOTA, Érico Oyama, pelo cientista político e colunista da “Veja”, Alberto Carlos Almeida, e por Vitor Brown, repórter e apresentador da Jovem Pan.

No final de 2020, o governo cogitou a criação de um programa para substituir o Bolsa Família, o Renda Cidadã, que originalmente seria chamada de Renda Brasil. O projeto, no entanto, teve diversas idas e vindas, chegando ao ponto de Bolsonaro ameaçar demitir quem tocasse no assunto. De acordo com Onyx, agora a ideia é trabalhar com três eixos. Além do novo Bolsa e do programa de micro crédito, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, está trabalhando em um projeto de estímulo a empregabilidade. “Achamos que com esses e mais um programa de estímulo a empregabilidade, que Guedes está trabalhando… Esses três eixos, um Bolsa Família que corrija as distorções e que trabalhe pela empregabilidade e pela promoção pelas pessoas… A gente acresce o micro crédito produtivo, que vai permitir, por exemplo, que uma pessoa possa buscar até R$ 1 mil, comprar uma máquina, repor o seu estoque, para retomar sua atividade econômica… E, por fim, um programa que vai estimular a empregabilidade de maneira mais ampla no Brasil”, explicou. Segundo Onyx, os recursos virão do próprio orçamento da pasta para 2021. “Fizemos caber o novo Bolsa dentro dos R$ 35 bilhões que o orçamento nos reserva para 2021. Nós fizemos tudo que podíamos em 2020, não pedimos um centavo a mais em nenhum programa do Ministério da Cidadania. É um aprofundamento fiscal que não tem espaço para inventar, tem espaço para ser criativo e fazer um programa diferente, mais direcionado”, pontuou.

Apoiador do presidente desde o começo da campanha que o levou ao Planalto, Onyx foi anunciado no cargo antes mesmo de o capitão reformado derrotar o PT no segundo turno. Em fevereiro de 2020, deu lugar a Walter Braga Netto e assumiu o Ministério da Cidadania, onde está até hoje. Após o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ter sido demitido por Bolsonaro em dezembro, houve rumores de que Onyx também sairia do cargo para ceder o posto ao Centrão — conjunto de partidos com o qual o presidente busca uma aproximação. No entanto, o ministro alega que isso “não passa de fofocas” e que sua lealdade a Bolsonaro “é firme de forte”. “Minha lealdade é um valor absoluto e não me afasto dela, e minha lealdade ao Bolsonaro é firme e forte”, afirmou. Segundo o ministro, suas relações no Parlamento e as “leituras políticas dos inimigos” querem tirar ele de perto do presidente, mas “não vão conseguir”. “Temos uma relação de muita lealdade, eu sei que posso confiar nele e ele em mim. Estou tranquilo, não me preocupo com isso não. Não damos muita bola para a fofoca da mídia, querem jogar um contra o outro, mas temos um propósito de melhorar o país”, destacou.

Presidência da Câmara e projeto político no Rio Grande do Sul

No dia 1º de fevereiro, acontecerá a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. Mesmo fazendo parte do partido Democratas, mesmo do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Onyx afirmou que não vai apoiar o candidato dele, Baleia Rossi (MDB-SP), mas sim o do presidente Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL). Ele criticou, por exemplo, o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) a candidatura de Rossi. Na visão dele, Lira deve sair vitorioso da eleição. “Porém, independente de quem seja, os primeiros projetos que o novo presidente da Câmara deve colocar em votação são a independência do Banco Central, que já foi aprovada no Senado, a regularização fundiária e a PEC que autoriza a exploração econômica em terra indígena. Assim, a gente faz uma revolução do bem no Brasil”, afirmou.

O atual deputado declarou, ainda, que sua intenção de projeto político no futuro é se candidatar a governador do Rio Grande do Sul. “Quero tentar colocar o Rio Grande do Sul de novo no lugar que tem que estar, recuperar o espaço que o estado perdeu durante as últimas décadas, com governadores muito aquém do esperado”, disse. Em agosto de 2020, Onyx reconheceu a prática de caixa dois nas eleições de 2012 e 2014 e pagou multa de R$ 189 mil em troca do arquivamento de investigação da qual era alvo. Ele firmou acordo de não-persecução penal com a Procuradoria-Geral da República (PGR) no qual confessou ter recebido caixa dois de R$ 300 mil destinado a campanhas eleitorais. Ao ser perguntado se isso não seria uma contradição com a sua postura anticorrupção, ele negou. “Primeiro, eu cometi um erro e fiz uma escolha, não tem nada a ver com corrupção, foi financiamento de campanha eleitoral. Eu cometi esse erro, resolvi com o povo do meu estado (…). O meu erro não me define, esse ano eu administrei R$ 420 bilhões, não há uma suspeita qualquer sobre esse volume gigantesco de recursos. Eu tenho uma cicatriz pelo erro que cometi mas não tenho mancha”, defendeu o ministro.

Assista a entrevista na íntegra:

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