Presidente da Funai diz que ‘vontade’ da mineração em terra indígena vem da Constituição, mas não é cumprida
Marcelo Xavier participou do programa Direto ao Ponto desta segunda-feira, 15, e falou sobre diversos assuntos envolvendo a Fundação
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Na noite desta segunda-feira, 15, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, participou do programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, e esclareceu diversos pontos sobre os povos originários no país. Entre os debates, Xavier comentou sobre a mineração nas áreas preservadas e foi bem claro. “A vontade da mineração em terras indígenas é do Constituinte originário, ele colocou isso na Constituição. Desde 1988 não é cumprida. Existe crime nas áreas indígenas, uma ausência do Estado e vem de décadas passadas”, disse ele. Para o presidente, há também possibilidades de regular a atividade entre as etnias que são a favor da mineração. “É importante ver o nível de maturidade da etnia que pretende desenvolver a atividade (garimpo), que ele possa escolher se quer ou não e se qualificar. Hoje é um cacique que autoriza a atividade ilegal, isso resulta na concentração de renda na mão do cacique, a desarticulação social e o dinheiro ninguém sabe para onde vai”, comentou. Questionado sobre o porquê os índios que apoiam o garimpo não são ouvidos, Xavier esclareceu. “Sempre vão ignorar o indígena que quer protagonismo, autonomia e respeito. Vender a ideia do indígena maltrapilho, coitadinho e que não pode se desenvolver é interessante. Você vende essa imagem para o exterior e eles mandam dinheiro para a proteção. Se todos tivessem grande nível de maturidade, não existiria um mercado paralelo para as terras indígenas”, disse.
Perguntado sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philipps, o presidente da Funai deu suas versões do fato. “A autorização para entrar na área indígena não foi emitida pela Funai (sede), foi por uma coordenação. Se a Funai tivesse ciente que isso fosse ser feito (a expedição), não tinha permitido. Me parece que eles foram no entorno (da área indígena), mas é muito arriscado porque na área existe narcotráfico, exploração ilegal de madeira, o contrabando de peixes ornamentais (…) O problema não é de hoje, é muito antigo. É arriscado ir lá sem um aparato do estado que garanta a segurança. Eu acho que ir numa área dessa é muito ruim e resultou nesse lamentável episódio e que a Funai não autorizou”, comentou. “Com a notícia do desaparecimento, nós mobilizamos mais de 300 pessoas nas buscas diárias. Quem encontrou os primeiros vestígios foram os servidores da Funai, que trabalham na área”, completou.
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