Presidente do CFM diz que Bolsonaro não é ‘genocida’ e defende gestores da saúde: ‘Quem mata é o vírus’

Segundo ele, ministros Mandetta, Teich, Pazuello e Queiroga, assim como o governador Doria, ‘tentaram fazer o melhor’; Mauro Ribeiro afirmou, também, que ‘ajudaria’ se Bolsonaro se vacinasse

  • Por Jovem Pan
  • 02/08/2021 23h01
Jovem Pan Mauro Ribeiro, homem careca e de óculos, usa suéter preto e está sentado olhando para a câmera Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, foi o entrevistado do Direto ao Ponto

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, defendeu, em entrevista ao programa Direto ao Pontoda Jovem Pan, nesta segunda-feira, 2, que o presidente Jair Bolsonaro, taxado de “genocida” durante a pandemia da Covid-19, está apenas “tentando fazer o seu melhor”, assim como outros gestores. “Temos que discutir de uma forma sem politização, não é passar pano, vou falar de uma forma muito verdadeira, todos tentam fazer o melhor. Presidente Bolsonaro é taxado de genocida, não é genocida, ele tenta fazer o melhor. Ministro [Luiz Henrique] Mandetta, [Nelson] Teich, [Eduardo] Pazuello, [Marcelo] Queiroga, tentam fazer o melhor. Governador de São Paulo, João Doria, tenta fazer o melhor. Ninguém quer que as pessoas morram, o problema não é a briga política, quem mata é o vírus, é ele que mata, ele é o nosso inimigo em comum”, disse. Ribeiro declarou que está “tudo muito politizado”, incluindo as discussões sobre medicamentos como hidroxicloroquina, Ivermectina e vacinas. Segundo o médico, os dois remédios são “drogas extremamente seguras” e existem algum excesso em torno das opiniões sobre elas. No entanto, é “legítimo que se discuta a eficácia”.

Apesar de ser contra a imunização obrigatória, Ribeiro ressaltou a importância da vacinação, e disse que o CFM, Estados, municípios, entre outros, deveriam convencer as pessoas a isso. Além disso, afirmou que ajudaria se Bolsonaro se vacinasse. “Ele é a maior liderança do país. Tem algumas críticas que a gente acompanha ao presidente, mas teria um impacto muito grande ele se vacinar. Às vezes, ele poderia não fazer alguns comentários sobre a vacina, porque é importante a vacinação da população brasileira”, pontuou. Ainda em relação a este assunto, o especialista defendeu que as pessoas deveriam poder escolher qual imunizante tomar, mas afirmou que, neste momento, isso não é possível. “Hoje, no Brasil, não tem como fazer escolha de vacinas, porque é impossível você fazer gestão da forma que estamos vacinando se cada um escolher a vacina que quer ser aplicada.” De acordo com ele, a logística não funcionaria já que temos número desequilibrado de doses de imunizantes. Por exemplo, no Sudeste, segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas mais de 24 milhões de doses da CoronaVac, 28 milhões da AstraZeneca, 6 milhões da Pfizer e menos de 2 milhões da Janssen. Ele disse, ainda, que, futuramente, a terceira dose será uma “obrigatoriedade” e “necessária”.

Ribeiro criticou, também, a forma como a CPI da Covid-19 conduziu os depoimentos com os médicos, como a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro. “Foi um tratamento lamentável, incompreensível. (…) Aquilo ali [CPI] não se respeita o direito das pessoas. O que as duas médicas [Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro] falaram, vão responder pelo que falaram, mas estamos falando no direito das pessoas se expressarem”, disse, afirmando que o CFM vai mandar um ofício para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Ribeiro também condenou pessoas que dão opinião, mas não são especialistas no assunto, principalmente em relação ao tratamento precoce. “Quando politizamos um tratamento que todos tem opinião, jornalistas, políticos, juízes, sub celebridades da Covid com opiniões definitivas… Nenhuma instituição médica no Brasil se guia mais pela ciência do que o CFM”, declarou.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com Mauro Ribeiro:

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