Editorial – Acusação contra Aécio feita por delator mimado vai parar no lixo!
Acusações de Sérgio Machado, que o delator mimado, premiado, paparicado, reverenciado e adorado (pelos procuradores!) fez ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) foram parar no lixo.
Segundo aquele monumento moral, a quem Sérgio Moro aplicou a severíssima pena de dois anos e três meses de cadeia, ele próprio teria composto com Aécio e Teotônio Vilela Filho, entre 1998 e 2000, um grupo para arrecadar recursos e ajudar a eleger 50 deputados para viabilizar a eleição do mineiro à presidência da Câmara em 2001. Teriam sido arrecadados, então, R$ 7 milhões, e R$ 4 milhões teriam saído da campanha de FHC à Presidência.
Até a acusação é confusa. Houve eleição em 1998, sim. Quem presidiu a Câmara no biênio seguinte foi um peemedebista chamado Michel Temer. E foi reeleição — só que com uma disputa eleitoral no meio. Aécio assumiu a Câmara em 2001. E o acordo do PSDB foi feito justamente com o PMDB: este apoiaria um tucano para a Câmara, e os tucanos, um peemedebista para o Senado.
Mais: então Aécio tinha a pretensão de, sozinho, formar aquela que seria a terceira bancada da Câmara, nada menos de 50 deputados? E tudo isso com R$ 7 milhões? Mesmo fazendo a correção monetária, a história não fecha.
E, como se sabe, essa não foi a única acusação contra Aécio e todo o establishment político feita por esse ícone dessa nova era de Justiça inaugurada no Brasil. Um bandido que decide “devolver” quase R$ 100 milhões recebe a pena mais branda entre todos os delatores: dois anos e três meses de prisão domiciliar numa mansão à beira-mar.
Só isso? Não! Dois de seus filhos, que participaram da sacanagem, nem sequer foram processados. É, gente! O Ministério Público não só aplica penas informais, como se descobriu no caso da homologação das delações da Odebrecht, como também cria a sua própria versão de “perdão prévio judicial” — prévio porque nem processo existirá.
Vamos ser claros, né? Poder Judiciário para quê?
E por que tanta moleza com Machado? Porque ele forneceu aquilo que a Lava Jato queria ouvir. Foi plantado para gravar conversas com senadores, deputados etc. Era preciso conferir verossimilhança à tese mentirosa de que há uma grande tramoia contra a Lava Jato. E, como se sabe, uma frase dita por Romero Jucá (PDMB-RR) virou a prova de que a tramoia estava em curso: “É preciso estancar essa sangria”.
Isso prova o quê, além de nada? Se alguém conseguir me apontar um único ato de sabotagem à Lava Jato praticado pelo governo Temer — e podem aí incluir o governo Dilma — ou o Congresso, paro de escrever. As tais 10 medidas contra a corrupção não valem. Quatro delas pelo menos são próprias de regimes fascistas e sabotavam, elas sim, o Estado de Direito.
Que a Lava Jato continue o seu trabalho de revelar as falcatruas que se fazem com o dinheiro público. Mas que as autoridades se comportem nos limites da lei e deixem de lado seus projetos políticos.
A propósito: juízes e procuradores não podem ter projetos políticos, certo? Se querem, disputem eleições!
E, como sabemos, acreditar em tramoias virou quase um vício da imprensa, não? A tal história da anistia ao caixa dois é a maior prova disso. Nunca existiu. Nunca existirá. Não há como ser operacionalizada. Mas é um dos temas que mais rendem reportagens de bastidores.
Não há lei possível que possa ser aprovada que impeça o Ministério Público de denunciar alguém por corrupção ou lavagem, por exemplo, e de a Justiça avaliar tal denúncia.
Ocorre que “cola” tudo aquilo que se lança contra o Congresso e contra os políticos. Afinal, como evidencia a magnífica ópera bufa de Rodrigo Janot, todos são iguais, ninguém presta.
Lula e as esquerdas concordam. Eles só acham que prestam um pouquinho mais do que os outros.
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