Editorial: Lula toma o Planalto para ver se não vai para a Papuda. Mas não vai adiantar!
A marcha dos pacíficos tem sido vitoriosa. O governo está por um fio. Mais uma vez, é preciso lembrar do ensinamento que está em Gálatas: contra a mansidão, nada podem a força bruta ou as leis. Ela vence. E nós somos os mansos de espírito. Vamos ver.
Em vez de ir para a cadeia, Lula preferiu, por enquanto, o Palácio do Planalto. Nunca a Papuda e a sede do governo estiveram tão perto na história, na sintaxe e na moralidade.
Inicialmente, Lula tinha decidido tomar a Presidência da República por intermédio da Secretaria de Governo, mas isso o obrigaria a ter de falar com alguma frequência com a presidente deposta, Dilma Rousseff.
Preferiu, então, a Casa Civil. A estrutura do Ministério é grande; os prepostos podem ir até as masmorras colher a assinatura da presidente de direito, mas não de fato, e o Apedeuta fica livre para falar com os políticos, distribuir cargos, oferecer prebendas etc.
É claro que Dilma sofreu um golpe do PT. O cargo de presidente lhe foi surrupiado. Na conversa que tiveram a portas fechadas logo depois da condução coercitiva, o Babalorixá de Banânia deixou claro à presidente deposta que sua prioridade era a sua defesa e a defesa do PT. Para tanto, precisava da máquina federal para “trabalhar”. Ou isso ou cada um por si.
E Dilma percebeu que o PT estava lhe puxando o tapete. Entre a deposição certa e a possibilidade, remota, de chegar ao fim do mandato ao menos no papel, escolheu a segunda hipótese.
Lula está dando aula aos brucutus bolivarianos. Aqueles mudam a Constituição para se eternizar do poder e conseguir novos mandatos. O nosso Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, assume o terceiro sem nem mesmo ter sido eleito.
Hegel dizia que os fatos históricos acontecem duas vezes. Marx emendou que o outro se esquecera de que a primeira versão se dá como tragédia, e a segunda, como farsa. Pouco antes de cair, Fernando Collor fez um ministério de notáveis, de pessoas acima de qualquer suspeita. Caiu mesmo assim.
Dilma repete Collor. Também ela muda o ministério. Como o que temos é a farsa daquela tragédia, em vez de um notável, ela nomeia um ministro notório, investigado pela Força Tarefa. Sua principal missão é barrar o impeachment para manter a máquina pública sequestrada pelo PT. E Lula vai tentar falar a linguagem da cooptação.
Os que se opõem ao governo estão furiosos. Falam em manifestações de rua contra Lula ministro. Há os que arriscam em falar em greve geral. Os cretinos provocadores de extrema direita, insatisfeitos com a condução pacífica dos atos contra o governo, liderados pelo MBL e pelo Vem Pra Rua, desafiam: “E aí? Vocês continuarão a falar em paz?”
Sim, continuarão a falar em paz. O povo irá para as ruas de forma pacífica, ordeira e mansa enquanto durar esse desgoverno e esse arranjo de cleptocratas.
Lula não é a pauta. A pauta é o impeachment. Quem tem de cair, para que ele caia junto, é a presidente legal. Esse último suspiro do lulo-petismo evidencia, agora de forma insofismável, que o PT nunca teve um compromisso de fundo com a democracia e com o estado de direito. Sua adesão a esses fundamentos sempre foi meramente tática.
Assiste-se ao deboche mais explícito e à sem-vergonhice mais desabrida.
Que também isso sirva de lição ao povo brasileiro.
Esse último ato de Lula prova por que temos de nos livrar, de uma vez por todas, de Lula.
Para que ele saia do Palácio do Planalto e vá para a Papuda.
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