Editorial: Setores da imprensa já começaram a fazer o trabalho do petismo

  • Por Jovem Pan
  • 20/11/2014 18h03
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No dia em que morre Márcio Thomaz Bastos, o binômio “financiamento de campanha-corrupção” assume a sua face mais estúpida, tendente a juntar no mesmo saco de gatos inocentes e culpados. Por que cito Bastos? Porque lhe foi atribuída a autoria da tese de que o mensalão era “só” caixa dois eleitoral. Não foi ele que imaginou a “saída”, mas Arnaldo Malheiros, defensor de Delúbio Soares. Adiante.

Pautados pelo PT, setores da imprensa agora resolveram misturar alhos com bugalhos, privilegiando, claro!, os bugalhos. Informa-se que empresas sob investigação na Lava Jato fizeram doações ao PP, ao PT e o PMDB, partidos diretamente envolvidos nas lambanças da Petrobras. Mas também nomes da oposição figuram entre os que receberam doações legais. E daí?

As doações não eram legais? Eram! Os políticos, governistas ou de oposição, deveriam tê-las recusado? A resposta, obviamente, é “não”. Queriam o quê? “Ah, não, o seu dinheiro, não. Você ainda será alvo de uma operação da Polícia Federal”.
Tenham paciência!

Eis aí no que dá misturar os canais. Digam-me: o que fazem nomes de oposição em certas notícias, ainda que no rodapé? Por acaso podiam mexer os pauzinhos na Petrobras? Tinham como garantir contratos? Eram influentes junto a Renato Duque ou a Nestor Cerveró? Mandavam no engenheiro Pedro Barusco?

Certamente há desvio de dinheiro para campanhas eleitorais, sim. Mas é coisa de energúmenos considerar que as empreiteiras estão recuperando o que doaram. Quer dizer que, se não doarem mais, depois da decisão burra a ser tomada pelo STF, não haverá mais extorsão?

A imprensa está caindo na cilada de achar que, de fato, tudo não passa de um mecanismo de compensações: “Tome a doação, que pego a grana mais tarde”. Fosse assim, as empreiteiras doariam também à oposição por quê?

Há coisas que são co-ocorrentes, sem que haja entre elas uma relação de causa e efeito. Com ou sem doações a campanhas, empreiteiras continuarão a enfrentar, em empresas púbicas e ministérios, larápios dispostos a criar dificuldades para vender facilidades. E é aí que os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e extorsão acontecem. Se empresas doassem só com o propósito de obter vantagem depois, financiariam apenas os que realmente têm chances de chegar lá.

Os magos petistas já estão operando o jornalismo. Daqui a pouco, políticos de oposição serão chamados a responder pela roubalheira na Petrobras. Jornalista que cai nessa conversa está se comportando como militante petista, não importa se voluntária ou involuntariamente. Ninguém tem o direito de ser burro nessa profissão.

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