Procurador-geral do STJD vê ‘pena severa’ ao Brusque em caso de racismo contra Celsinho

Ronaldo Piacentti explicou a decisão da maioria do tribunal em aceitar o recurso do Brusque e retirar a punição que resultava na perda de três pontos do clube por ato racista praticado pelo conselheiro Júlio Antônio Petermann

  • Por Jovem Pan
  • 22/11/2021 15h36 - Atualizado em 22/11/2021 15h48
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Montagem sobre fotos/Reprodução/Jovem Pan/Ricardo Chicarelli/ Londrina FC/ Flickr Procurador-Geral do STJD explicou o desdobramento do caso celsinho Procurador-Geral do STJD explicou o desdobramento do caso celsinho

Procurador-geral do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Ronaldo Piacentti concedeu entrevista exclusiva ao programa “Esporte em Discussão”, do Grupo Jovem Pan, na tarde desta segunda-feira, 22. Entre várias perguntas, ele explicou a decisão da maioria do tribunal em aceitar o recurso do Brusque e retirar a punição que resultava na perda de três pontos do clube por ato racista praticado pelo conselheiro Júlio Antônio Petermann contra o meia Celsinho, do Londrina, em uma partida da Série B. “O que foi justificado para isso? Se um dirigente comete um ato ilícito, é justo punir o Brusque, que está brigando contra o rebaixamento? Acabaria punindo todos os outros atletas, dirigentes, torcedores, patrocinadores. Isso causaria um prejuízo muito grande. Ao meu ver, isso foi levado em consideração pelo tribunal. Ainda assim, houve uma punição e foi uma punição severa”, disse Ronaldo.

Após a decisão do STJD, o Brusque foi punido com a perda de mando de um jogo, além de uma multa de R$ 60 mil. À JP, Ronaldo Piacentti explicou como o caso se desenvolveu no tribunal. “Apresentamos a denúncia contra o Brusque, inclusive com a perda de pontos, e a Comissão Disciplinar decidiu condená-lo. Desde essa decisão, houve um recurso e o processo foi para o pleno. A Procuradoria, inclusive eu dividi o espaço com o procurador que fez a denúncia, sustentamos a punição ao clube e ao dirigente. O que o tribunal entendeu? Existe uma pena que é aplicada ao dirigente, que é específica. Ele foi apenado com R$ 30 mil e suspensão de um ano. Não tenho conhecimento se o Brusque o suspendeu, mas isso não foi levado em consideração para o STJD. Existe um artigo para tratar esse caso. A questão do Brusque é de levar em consideração de extrema gravidade. Eu ouvi um determinado jornalista falar que o tribunal entende que há vários níveis de racismo. Não, não é isso. Os julgadores levaram em consideração a lei, que diz assim: o auditor deve considerar se houve extrema gravidade. Se sim, ele poderá aplicar a perda de ponto. Ele não é obrigado. O próprio artigo que menciona a perda de ponto também fala em perda de mando. Então, é importante dizer que o Brusque foi condenado com multa de R$ 60 mil e perda de mando. O artigo do CBJD prevê a perda de mando ou de pontos. A maioria do tribunal entendeu pela perda de mando”, comentou.

Celsinho foi alvo de ofensas racistas no confronto de 28 de agosto. Na saída do campo, ele afirmou que foi chamado de “macaco” por Júlio Antônio Petermann, presidente do Conselho Deliberativo do Brusque. Na súmula, o árbitro Fábio Augusto Santos Sá relatou que o meia ouviu a frase “vai cortar esse cabelo, seu cachopa de abelha”. Após a repercussão, o Londrina divulgou um vídeo em que era possível ouvir um grito de “macaco”. O clube catarinense, em um primeiro momento, disse que o atleta estava sendo oportunidade. Com a repercussão negativa e a perda de um patrocinador, a diretoria pediu desculpas e decidiu afastar o conselheiro. Punidos com a perda de três pontos na tabela da Série B, atletas e funcionários do Brusque emitiram uma nota, em outubro, reivindicando uma pena mais branda.

Assista ao trecho a partir de 1:00:09

 

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