Rogério Caboclo revela se Bolsonaro cobrou Renato Gaúcho na vaga de Tite na seleção; assista

Em entrevista exclusiva ao repórter Daniel Lian, do Grupo Jovem Pan, o ex-presidente da CBF abriu o jogo sobre sua relação com o chefe do Executivo e esclareceu a polêmica que surgiu às vésperas da Copa América, realizada no Brasil, na metade do ano

  • Por Jovem Pan
  • 28/10/2021 15h28
Montagem sobre fotos/Reprodução/Jovem Pan/Lucas Figueiredo/CBF/DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO/Amanda Paiva /CBF/DENNY CESARE/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO Em entrevista à JP, Caboclo disse que não prometeu a demissão de Tite ao presidente Jair Bolsonaro Em entrevista à JP, Caboclo disse que não prometeu a demissão de Tite ao presidente Jair Bolsonaro

Às vésperas da Copa América, realizada entre junho e julho deste ano, diversos veículos de comunicação informaram que o então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, assegurou a Jair Bolsonaro (sem partido) que demitiria Tite, treinador da seleção nacional, e o substituiria com Renato Gaúcho, atual comandante do Flamengo. A decisão teria relação com a recusa do técnico em participar do torneio, que havia sido transferido para o território brasileiro em um momento crítico da pandemia do novo coronavírus após as desistências de Colômbia e Argentina. Afastado do cargo depois das denúncias de assédio, Caboclo concedeu entrevista exclusiva o repórter Daniel Lian, do Grupo Jovem Pan, e desmentiu a notícia. De acordo com o ex-dirigente, ele foi, inclusive, responsável por bancar Tite depois da eliminação diante da Bélgica, nas quartas de final da Copa do Mundo de 2018, disputada na Rússia.

“Não havia um diálogo direto sobre futebol com o ex-presidente Marco Polo Del Nero, mas a primeira divergência minha com ele foi a de que ele gostaria que o Tite ficasse sozinho. Ou seja, que eu demitisse todos auxiliares e a comissão técnica que rodeavam o Tite, com a única finalidade de humilhá-lo, deixando-o sozinho. Só que eu fui o chefe desta delegação, ficando com o grupo por de 4o dias diuturnamente. Eu vi a atitude de cada atleta, o desempenho, a vontade, a determinação… Por isso, jamais cedi às suas vontades no sentido de retirar a estrutura do Tite. Talvez, a finalidade era que o treinador pedisse demissão. Tirar o Tite nunca fez parte dos meus planos! E essa conversa nunca foi objeto entre eu e o presidente da República, Jair Bolsonaro”, comentou em conversa com a JP.

Segundo Caboclo, a sua relação com Jair Bolsonaro e com o treinador Tite sempre foram cordiais. “Nunca houve uma relação tão republicana, franca e direta entre uma entidade do esporte com um presidente da República. Não é uma relação de amizade, mas de cordialidade e respeito mútuo”, declarou o ex-presidente da CBF. “Minha relação com o Tite é muito boa. Na verdade, a convite do Tite, de algum tempo para cá, passei a participar das reuniões técnicas, a respeito de convocações. Naturalmente, me eximindo de qualquer tipo de orientação, mas acompanhando o trabalho que eles fazem a pedido deles. Então, a relação é muito boa”, completou.

A informação, entretanto, não foi a repassada por Walter Feldmann, então secretário-geral da CBF, em entrevista à Jovem Pan. No dia 13 de junho, em conversa com os jornalistas Wanderley Nogueira e Bruno Prado, o então dirigente revelou que existia uma “discordância profunda” entre Caboclo e Tite. “Em nenhum momento o professor Tite teve a sua estabilidade comprometida, mas, claro, nos últimos dias houve também discordâncias profundas com o Caboclo, particularmente no assunto da realização da Copa América no Brasil”, declarou, antes de falar sobre os dias turbulentos da CBF. “Vivemos um verdadeiro ‘furacão’ por conta das denúncias que foram feitas, sendo necessário o afastamento do presidente Rogério Caboclo. Isso passa muito pela decisão da diretoria da CBF, que acredita que é o melhor para ele fazer a sua defesa. Não houve nenhuma dúvida em relação a isso. Antes deste acontecimento, de fato, houve alguns contatos do Tite e do Juninho Paulista com o Caboclo. Foram reuniões relativamente tensas. Com a saída do Caboclo, houve uma mudança parcial, não diria determinante, para que os jogadores e o professor Tite se manifestassem contra a Copa América no Brasil.”

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