36 países da Europa registraram mais casos de Covid-19 na média semanal

Cientistas evitam falar em ‘segunda onda’ porque o termo talvez não seja aplicável ao coronavírus

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 03/08/2020 09h19 - Atualizado em 03/08/2020 09h23
EFE coronavírus Reino Unido No final da semana passada, Boris Johnson puxou o freio de mão no relaxamento da quarentena

Quase seis meses depois do início da pandemia, a Europa vive agora o que alguns consideram como o início de uma segunda onda. Não há consenso sobre como o coronavírus vai se comportar nas próximas semanas, mas o aumento de casos é preocupante. Diversos países têm registrado crescimento constante dos casos de Covid-19 — com destaque para Espanha, Bélgica e Luxemburgo. No total, 36 países europeus registram mais casos da doença na média semanal em comparação à semana anterior. Muitos destes países já vinham de uma base bastante baixa de contaminações, como a Grécia.

Alguns cientistas evitam falar em segunda onda porque o termo talvez não seja aplicável ao coronavírus como é para a influenza. Na verdade, o mundo pode estar vivendo uma grande onda — que ainda vai levar tempo para passar. E como nem todas as características deste vírus estão mapeadas até agora fica difícil fazer projeções com alguma eficácia. Alguns indícios, no entanto, apontam para um novo aumento considerável de contaminações na Grã Bretanha possivelmente no mês de outubro. Até por isso os conselheiros científicos do governo conservador já falam em uma troca no processo de reabertura do país.

No final da semana passada, Boris Johnson puxou o freio de mão no relaxamento da quarentena. As novas fase de reabertura foram suspensas e o médico-chefe do governo chegou a dizer que talvez o máximo de flexibilização já tenha sido alcançado. O grupo de cientistas que aconselham o governo britânico levantou inclusive a necessidade de se fechar bares e restaurantes para garantir que a reabertura total das escolas, marcada para setembro, possa seguir em frente. A retórica otimista de Boris Johnson, que previa vida próxima do normal até o Natal, já parece atropelada pela realidade.

O que está claro tanto para o Reino Unido quanto para o continente europeu é que neste novo momento da pandemia os governos vão evitar ao máximo adotar quarentena geral. Até mesmo a eficácia do lockdown é temporária e agora a aposta parece voltada para restrições específicas em focos mais preocupantes da doença. O governo britânico conseguiu ampliar consideravelmente a sua capacidade de testar a população, o que é indispensável para as medidas localizadas. A rede de saúde pública também se organizou nos últimos meses e com índices sem precedentes de retração da economia na Europa fica claro que um lockdown completo agora será a última opção.

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