500 mil mortos pela Covid-19: a dor e o luto de quem perdeu familiares e amigos
Só na capital paulista, mais de 32 mil pessoas foram vítimas da doença; avanço da vacinação aparece como fonte de esperança para a população
Mais uma segunda-feira que se inicia, mas esta é pesada. No final de semana, o Brasil atingiu a marca de 500 mil de brasileiros mortos pela Covid-19. Foram tantas despedidas. Só na capital paulista, mais de 32 mil. É em São Paulo que fica o maior cemitério da América Latina, o de Vila Formosa, e que nos trouxe uma das mais impactantes imagens da pandemia, nos mostrando a dimensão dessa tragédia. A imagem de centenas de covas abertas às pressas foi destaque no noticiário internacional. Hoje, todas estão ocupadas e muitas novas foram surgindo. 500 mil mortos depois, os enterros continuam e a triste certeza que temos é de que as partidas não param por aqui. A pandemia não está controlada. A média móvel de óbitos voltou a subir e muitas cidades passam de novo pelo medo de um colapso na saúde.
Para a médica Daniela Neves, ver a notícia do marco das mortes representou se solidarizar com outros brasileiros e reviver a dor que a família dela também sentiu. Durante a conversa, as lágrimas escaparam. Ela perdeu o irmão, o jornalista e empresario Henrique Neves. Ele era casado e tinha um enteado e lutou contra a doença durante vários dias internado. “É uma ruptura muito grande. Seu ente querido vai para um lugar onde você não pode mais visitá-lo, onde a gente tem poucas notícias. Os meus pais não podiam vê-lo. Então eu acho que não é só uma doença. É uma doença cercada de muita crueldade. Quem passou por isso sabe e sente o que eu estou falando. Para as famílias que perderam alguém, a pandemia nunca vai acabar. É uma marca que vai fiar para sempre em nossa família”, desabafa a médica. Priscila Martorelli, entende bem essa frase. Nessa história, o luto é duplo. No mesmo dia, por questão de horas de diferença, a Covid-19 levou a mãe e o padrasto. Priscila já recebeu a primeira dose da vacina. Foi um animo, um tanto de esperança. “Para quem passou por isso e viveu de perto, muita esperança. Na primeira oportunidade que eu tive, eu fui lá e tomei a vacina. Eu acho que esse é meu dever de cidadã. Nada mais é do que isso”, afirma Priscila. No cemitério de Vila Formosa, os cataventos coloridos brilham entre os túmulos esperando que bons ventos tragam dias melhores.
*Com informações da repórter Carolina Abelin
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