500 mil mortos pela Covid-19: a dor e o luto de quem perdeu familiares e amigos

Só na capital paulista, mais de 32 mil pessoas foram vítimas da doença; avanço da vacinação aparece como fonte de esperança para a população

  • Por Jovem Pan
  • 21/06/2021 08h23 - Atualizado em 21/06/2021 14h20
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MARCELLO ZAMBRANA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO AGF20210619033 - 19/06/2021 Vista aérea do Cemitério de Vila Formosa, zona leste da cidade de São Paulo Vista aérea do Cemitério de Vila Formosa, zona leste da cidade de São Paulo

Mais uma segunda-feira que se inicia, mas esta é pesada. No final de semana, o Brasil atingiu a marca de 500 mil de brasileiros mortos pela Covid-19. Foram tantas despedidas. Só na capital paulista, mais de 32 mil. É em São Paulo que fica o maior cemitério da América Latina, o de Vila Formosa, e que nos trouxe uma das mais impactantes imagens da pandemia, nos mostrando a dimensão dessa tragédia. A imagem de centenas de covas abertas às pressas foi destaque no noticiário internacional. Hoje, todas estão ocupadas e muitas novas foram surgindo. 500 mil mortos depois, os enterros continuam e a triste certeza que temos é de que as partidas não param por aqui. A pandemia não está controlada. A média móvel de óbitos voltou a subir e muitas cidades passam de novo pelo medo de um colapso na saúde.

Para a médica Daniela Neves, ver a notícia do marco das mortes representou se solidarizar com outros brasileiros e reviver a dor que a família dela também sentiu. Durante a conversa, as lágrimas escaparam. Ela perdeu o irmão, o jornalista e empresario Henrique Neves. Ele era casado e tinha um enteado e lutou contra a doença durante vários dias internado. “É uma ruptura muito grande. Seu ente querido vai para um lugar onde você não pode mais visitá-lo, onde a gente tem poucas notícias. Os meus pais não podiam vê-lo. Então eu acho que não é só uma doença. É uma doença cercada de muita crueldade. Quem passou por isso sabe e sente o que eu estou falando. Para as famílias que perderam alguém, a pandemia nunca vai acabar. É uma marca que vai fiar para sempre em nossa família”, desabafa a médica. Priscila Martorelli, entende bem essa frase. Nessa história, o luto é duplo. No mesmo dia, por questão de horas de diferença, a Covid-19 levou a mãe e o padrasto. Priscila já recebeu a primeira dose da vacina. Foi um animo, um tanto de esperança. “Para quem passou por isso e viveu de perto, muita esperança. Na primeira oportunidade que eu tive, eu fui lá e tomei a vacina. Eu acho que esse é meu dever de cidadã. Nada mais é do que isso”, afirma Priscila. No cemitério de Vila Formosa, os cataventos coloridos brilham entre os túmulos esperando que bons ventos tragam dias melhores.

*Com informações da repórter Carolina Abelin

 

 

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