Afegãos que vivem no Brasil relatam apreensão em busca por informações de familiares

Refugiados falam sobre as angústias que sentiram ao saber que o grupo radical estava novamente no poder: ‘Chorei muito, só queria que a minha família estivesse aqui’

  • Por Jovem Pan
  • 18/08/2021 10h05 - Atualizado em 18/08/2021 10h06
EFE/STRINGER Combatente talibã monta guarda em Cabul Grupo radical retornou ao comando do país no último domingo, 15, após fuga do presidente Ashraf Ghani

Afegãos que se refugiaram no Brasil estão preocupados com familiares que permanecem no país, dominado pelo Talibã desde o último domingo, 15. O afegão Fazel Ahmad mora em São Paulo há 10 anos. Ele conta que veio ao Brasil para recomeçar a vida. Na época, os Estados Unidos já haviam ocupado o seu país de origem. Mesmo assim, ele não se sentia seguro por causa dos talibãs. Nove anos após a sua chegada ao Brasil, a esposa também veio para cuidar da família e dos três filhos. “Vim por causa da guerra do Talibã em 2012. Agora, gosto muito da minha vida, porque passei aqui quase 10 anos. Gosto da minha vida, é melhor que o Afeganistão”, relata Fazel, que tem um açougue na capital paulista com o pai e o irmão. Ele relata que pela primeira vez a família conseguiu ter um negócio sem que os talibãs roubassem os lucros no final do dia. “Eles têm muitas regras ruim, muitas leis ruins. Eles matando pessoas por coisas pequenas, cortam a mão das pessoas por coisas bem pequenas.”

O pai de Fazel, Rahim Mohammadi, chegou ao Brasil em 2018 depois que o filho foi admitido no país com registro de estrangeiro. Ele acha que a presença das tropas americanas davam uma sensação de proteção, mas os afegãos estavam reféns da ocupação. Com a saída dos ocidentais, não há mais saída. “Apesar de nos sentirmos seguros e dos soldados americanos isolarem o Talibã, não havia nenhuma assistência para educação ou desenvolvimento. Agora, o caos foi instaurado e poucos conseguem asilo”, afirma Mohasmmadi, que também trouxe o filho Fazal Ahmad para o país. Ele conta que não vê a hora de trazer a esposa e a filha, que estão impedidas de sair de Cabul. “Chorei muito quando soube que os talibãs tomaram o país. Só queria que a minha família também estivesse aqui.”

*Com informações do repórter Victor Moraes

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