André Mendonça diz que Lava Jato não é suficiente para eliminar corrupção do Brasil
Ministro do STF, Luiz Fux, rebateu e disse que ‘não há mais espaço para retroceder’
O ministro da Justiça, André Mendonça, disse que a Operação Lava Jato não vai ser suficiente para eliminar a corrupção no país. Ele fez um comparativo com a Operação Mãos Limpas, realizada na Itália nos anos 90, que é considerada um marco naquele país. Mas, segundo Mendonça, “não transformou a realidade” italiana. Para o ministro, é preciso investir em mecanismos de governança, transparência e prestação de contas. “Qual o equívoco que nós podemos cometer? É achar que a Operação Lava Jato vai representar, por si só, uma mudança da realidade brasileira na questão da corrupção.”
A fala de André Mendonça se deu em um seminário do Conselho Nacional de Justiça. No mesmo evento, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, classificou a corrupção como um “flagelo nacional”. Para ele, além de afetar milhões de brasileiros, que pelo dinheiro desviado deixam de ter condições melhores de vida, a prática afasta “investimentos estrangeiros importantíssimos” e afasta do país “nossos recursos naturais”.
Fux destacou o que considera um avanço na lei brasileira: a recomposição de verbas desviadas. “Agora, esses ativos são recuperados em uma demonstração inequívoca de que, efetivamente, o crime não vai compensar”, disse. Ainda na visão do presidente do STF, “corruptos não se dão conta de que cometem um crime contra a humanidade”. Ele vê como um obstáculo no combate da corrupção o que chamou de “perigo da indiferença” das pessoas em relação às ilegalidades.
Porém, para o ministro Luix Fux, não há mais espaço para retroceder. “Quando eu digo que o Brasil nunca mais será o que é, é porque a sociedade brasileira não aceita mais retrocesso.” O ministro Luiz Fux aponta que, segundo dados da Organização das Nações Unidas, cerca de US$ 1 trilhão é pago anualmente em subornos. Já outros R$ 2,6 trilhões são desviados por meio da corrupção. O valor ultrapassa 5% do PIB mundial.
*Com informações do repórter Levy Guimarães
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