Apenas 1% dos municípios brasileiros já desobrigou uso de máscaras

Estudo da Confederação Nacional de Municípios mostra que 17 cidades retiraram a obrigatoriedade do item de proteção; especialistas condem liberação e avaliam as consequências

  • Por Jovem Pan
  • 30/10/2021 06h37 - Atualizado em 30/10/2021 18h52
LUCAS PRATES/HOJE EM DIA/ESTADÃO CONTEÚDO Vacinação contra a covid-19 em Belo Horizonte 60% dos prefeitos ouvidos na pesquisa informaram que vão manter a proteção facial mesmo com toda população imunizada

Na semana em que o Rio de Janeiro e o Distrito Federal flexibilizaram o uso de máscaras em ambientes abertas, especialistas voltaram a recomendar o uso da proteção. Durante reunião em comissão na Câmara dos Deputados, a liberação foi condenada. A secretária extraordinária ao enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite, defendeu que, mesmo com o avanço da vacinação, ainda não é o momento de baixar a guarda. “Nós estamos ainda no status pandêmico, é uma pandemia, algo que nunca foi visto e, muitas vezes, com o passar de quase dois anos, as pessoas parecem que se esquecem. Estamos observando um certo arrefecimento de algumas medidas [sanitárias”, disse. O diretor da Anvisa, Alex Machado, alertou que decisões erradas sobre a retira das máscaras podem ter consequências futuras tanto na economia quanto na saúde pública.

“Estamos vivendo no mundo um grande laboratório. É verdade que ao caminhar da experiência e de convivência com a pandemia o aprendizado vai sendo construído e vai trazendo mais fôlego para novas decisões. Porém, por força dessa própria experiência, sabemos que ainda estamos em um momento de muita cautela. É sabido que há uma comoção pela retomada das atividades, mas isso em nada pode se confundir com o fim da pandemia”, ressaltou.

Um estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que em apenas 17 municípios brasileiros, ou seja, 1% do país, o uso de máscaras não é mais obrigatório. Ao mesmo tempo, 60% dos prefeitos ouvidos na pesquisa informaram que vão manter a proteção facial mesmo com toda população imunizada. Outros 36% afirmaram que ainda não se decidiram sobre o tema. A confederação apontou que 14,2% das cidades pesquisadas afirmaram que exigem a obrigatoriedade da vacina para frequentar espaços coletivos.

O assessor técnico do Conselho Nacional dos Secretário de Saúde, Leonardo Vilela, afirmou que o passaporte da vacina é uma segurança sanitária. “Funciona como um estímulo à vacinação e também como proteção aos indivíduos que estiverem em um ambiente fechado, porque sabemos que as pessoas vacinas elas podem transmitir a doença, mas a possibilidade é muito menor do que os que não foram vacinados”, ressalta. A secretária da Saúde Rosana Leite revelou que a pasta prepara um estudo para avaliar o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras. “Estamos com um grupo técnico para avaliar vários indicadores. É verdade que cada Estado ou município tem tomado as suas decisões, porém, essa normativa vai levar em consideração não só a taxa de imunização, mas a incidência [dos casos].”

*Com informações do repórter João Vitor Rocha

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