Apesar da expectativa de safra recorde para 2023, professor alerta para problemas com o clima: ‘Poderia ser maior’

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, Felippe Serigatti fez um apelo pela redução do valor do seguro rural no Plano Safra anunciado pelo governo

  • Por Jovem Pan
  • 24/07/2023 09h56
Reprodução/Jovem Pan News felippe-serigatti-entrevista-jornal-da-manha-jovem-pan-news Em entrevista ao Jornal da Manhã, Felippe Serigatti falou sobre a expectativa de safra recorde para 2023

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estimativa de junho para a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2023 é de 307,3 milhões de toneladas. Valor é 16,8% maior (ou mais 44,2 milhões de toneladas) que a obtida em 2022 (263,2 milhões de toneladas) e 0,6% acima da estimativa de maio. Para falar sobre a expectativa de safra recorde neste ano, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o especialista em economia agrícola e professor da Fundação Getúlio Vargas, Felippe Serigatti, que alertou para possíveis perdas provocadas pelo acirramento dos fenômenos climáticos: “A gente colherá, ao longo de 2023, uma safra recorde. Nos números apresentados pelo IBGE, a gente está olhando apenas o universo de grãos (…) Se a gente for pelos números da Conab a estimativa é ainda maior, de quase 318 milhões de toneladas. Esse número é resultado de algo que tenha dado tudo certo? Não”.

“Só pelas condições que a gente teve ao longo dessa safra, até poderia ser maior. Por exemplo, o pessoal do Rio Grande do Sul sofreu principalmente na safra de verão devido à seca. A mesma seca que atropelou a safra da Argentina e do Paraguai (…) Todo ano alguém tem alguma perda, todo ano tem alguma geada, todo ano a gente tem cenário de seca e excesso de chuva. Então, nenhum ano é 100% ideal”, declarou. De acordo com Serigatti, as altas taxas de juros também podem representar um problema para o Plano Safra 2023/2024: “Em termos de volume, é um volume recorde, sem dúvida. Mas é um Plano Safra caro, então as taxas de juros apresentadas vão operar em patamares elevados (…) A nossa taxa de juros de referência, a Selic, está em 13,75%. Tem viés de baixa, mas quando o plano foi desenhado esse era o custo do dinheiro (…) Tem um probleminha de cobertor curto, mas dado esse problema, o Plano Safra que foi divulgado eu acho que representa uma boa notícia”.

Frente a este contexto, o professor da FGV fez um apelo pela redução do valor do seguro rural: “O seguro rural não foi anunciado adequadamente no Plano Safra e até o momento não temos clareza do volume a ser subvencionado para este programa. Ele é muito importante, seja porque confere maior estabilidade para o produtor e para regiões em que o agro é atividade econômica predominante, seja porque a gente está operando em um ambiente em que as condições climáticas adversas, que antes aconteciam uma vez a cada 12 anos, tem acontecido uma vez a cada cinco, uma vez a cada sete. No Rio Grande do Sul teve quebra de safra por três anos consecutivos. Isso é um evento muito raro, nessa frequência é um evento muito raro. Resultado disso? O seguro para os produtores foi lá para cima. Mas para o produtor produzir com segurança, é importante ter o seguro. O governo deveria entrar justamente com um programa de prevenção, reduzindo o valor do seguro para o produtor, e isso não aconteceu.

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