Após ação da PF, presidente da Oi deixa cargo e diz que empresa ‘é só pepino’

  • Por Jovem Pan
  • 11/12/2019 06h50 - Atualizado em 11/12/2019 09h46
Divulgação/OI Eurico Teles fica no cargo até o dia 30 de janeiro de 2020

O presidente da Oi, Eurico Teles, informou, nesta terça-feira (10), que vai deixar o cargo. O anúncio ocorreu no mesmo dia em que a companhia foi alvo da nova fase da Operação Lava Jato, que investiga repasses de empresas de telefonia a um dos filhos do ex-presidente Lula, Fábio Luis Lula da Silva – entre elas a Oi.

Teles fica no cargo até o dia 30 de janeiro do ano que vem. O grupo Oi passa por um processo de recuperação judicial, e a saída de Teles já estava prevista desde a homologação do acordo, em setembro deste ano.

Em uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro, Teles disse que a gestão dele herdou uma “companhia difícil”. “Qual foi o benefício que teve essa companhia, por alguém? Qual foi o benefício que ela teve? Eu desconheço. Eu estou aqui há 38 anos e vou te dizer o seguinte: Essa companhia é só pepino”, afirmou.

Em relação à operação de busca e apreensão, o diretor de operações da Oi, Rodrigo Abreu, que deve ser o novo presidente, disse que a empresa “não tem nada a esconder”. “A companhia tem todo o interesse de fazer com que, se existiu qualquer tipo de irregularidade, que ela seja, de fato, apurada. Porque como eu comentei, muito provavelmente a maior prejudicada se, de fato, as alegações forem verdadeiras, foi a própria companhia”, declarou.

A fase 69 da Lava Jato mira repasses do grupo Oi para empresas do filho de Lula e a relação do setor privado com os governos do ex-presidente. O Ministério Público questiona pagamentos de R$ 132 milhões de reais feitos a firmas de Fábio Luis Lula da Silva e alega que uma parte foi usada no sítio de Atibaia.

No processo do sítio, Lula foi condenado a 17 anos de prisão na Lava Jato em segunda instância no mês passado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Entenda

Nesta terça-feira (10), a Polícia Federal (PF) cumpriu 47 mandados de busca a apreensão em São Paulo, no Rio de Janeiro, Bahia e no Distrito Federal. A operação, batizada de Mapa da Mina, é um desdobramento da fase 24, de março de 2016, quando Lula prestou depoimento, depois de condução coercitiva.

Duas empresas do filho do ex-presidente, entre elas a Gamecorp, não tinham capacidade de prestar os serviços para os quais foram contratadas pela Oi/Telemar.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira, o procurador da Lava Jato, Roberson Pozzobon, cita um e-mail que comprova “pagamentos políticos”. “Entre 2005 e 2011 quando, justamente, esse e-mail foi enviado, a Gamecorp recebia cerca de 90% a 98% dos recursos da Oi/Telemar. Se 90% a 98% dos recursos que a empresa recebia deveriam ser expurgados do resultado, porque se tratavam de verba política, qual seria a prestação efetiva de serviços da empresa? É algo que pretendemos responder com material das buscas e apreensões.”

Rozzobon reiterou que, entre 2005 e 2016, o grupo Oi/Telemar foi responsável por 74% dos recebimentos da Gamecorp.

Já o procurador Athayde Ribeiro Costa destacou que provas indicam, ainda, tráfico de influência do então ministro da Casa Civil, José Dirceu. “Chama a atenção, ainda, que nesse período José Diceu participou ativamente das interlocuções com o grupo Oi. Inclusive em 15 de dezembro”, disse, acrescentando que Lula, por meio de um decreto de 2008, autorizou a compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar.

Respostas

A Oi declarou que “atua de forma transparente e tem prestado informações e esclarecimentos às autoridades”. Já a Telefônica informou que a Polícia Federal esteve na sede de São Paulo, nesta terça-feira (!0), buscando detalhes sobre contratos, e que está ajudando os órgãos competentes.

PT destacou que, em mais uma operação ilegal, os procuradores e a PF de Sergio Moro promovem exposição caluniosa de familiares de Lula com objetivo de atingi-lo. Em nota, a defesa de Fábio Luís Lula da Silva afirmou que “os órgãos do Estado competentes para promover a análise e a investigação do assunto já atuaram e concluíram de longa data que Lula e seus familiares não cometeram qualquer ato ilícito”.

*Com informações do repórter Afonso Marangoni

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