Após aprovação da Pfizer, Anvisa espera novos pedidos para registro de vacinas

Para Antônio Barra Torres, diretor-presidente da agência reguladora, a tendência é que novos imunizantes tenham aval a fim de ‘atender toda a população’

  • Por Jovem Pan
  • 24/02/2021 10h08 - Atualizado em 24/02/2021 15h21
Pedro França/Agência Senado Homem de terno e óculos discursa em audiência Antônio Barra Torres negou a existência de um "excesso de cautela" para aprovação das vacinas contra a Covid-19

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) espera que, após a aprovação do registro definitivo da vacina da Pfizer contra a Covid-19, novos laboratórios entrem com a solicitação junto ao órgão. A afirmação foi feita pelo diretor-presidente da instituição, Antônio Barra Torres, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 24. Segundo ele, o registro foi o primeiro da vacina no continente americano. “A questão da aquisição é atribuição do Ministério da Saúde, não temos ação nesse sentido e prosseguimos fazendo análise do protocolo para registro da vacina da AstraZeneca. O ideal é que cada vez mais e mais protocolos vacinais sejam submetidos para oferecer à população, que é imensa, várias vacinas. Uma só não irá atender toda a nossa população.”

Antônio Barra Torres negou a existência de um “excesso de cautela” para aprovação das vacinas e lembrou que outros compostos contra a Covid-19, como a Sputnik V, aguardam pedido para registro ou uso emergencial. Segundo ele, sem a solicitação, não há análise da agência. “Desconheço excesso de cautela e desconheço que tenha protocolado pedido de uso emergencial [da Sputnik]. Nosso cronômetro em relação à Sputnik está travado, ele será destravado quando for protocolado o pedido de registro ou uso emergencial. O que tem acontecido são tratativas, são entendimentos, que buscam até orientar o desenvolvedor para que possa apresentar seus documentos com maior solidez. Aguardamos um ato concreto, não aconteceu”, disse, reforçando que a missão da Anvisa é analisar todos os pedidos apresentados. “Queremos analisar, estudar e, possivelmente, liberá-los. Estamos em uma posição, no aspecto regulatório, de liderança no mundo, nesse momento. Somos a agência que mais rapidamente concebeu o uso emergencial da CoronaVac e AstraZeneca. Então no aspecto regulatório estamos trabalhando muito bem. Esperamos que venham outras para atender a nossa população”, afirmou. A autorização emergencial para o uso dos imunizantes aconteceu em 17 de janeiro, nove dias após a formalização das solicitações. 

Ainda sobre o uso emergencial, Antônio Barra Torres comentou sobre a aprovação da Medida Provisória 1.026/2021, ocorrida nesta terça-feira, 23, na Câmara dos Deputados. A proposta autoriza estados e municípios a comprar vacinas se a União não adquirir doses suficientes e estipula período de sete dias úteis como prazo máximo para retorno sobre pedidos para uso emergencial. Segundo o diretor-presidente, o prazo é considerado razoável. “Entendemos que o prazo é razoável. Entendemos que foi muito importante essa MP ter mantido a capacidade de análise da agência. O texto contempla considerar o parecer da Anvisa, diferentemente da outra emenda, que está para sanção ou veto presidencial, que é impositiva para considerar a autorização, então veja a diferença”, disse, se referindo a proposta Medida Provisória aprovada pelo Congresso Nacional que prevê prazo de cinco dias para aprovação emergencial das vacinas contra Covid-19. Para Barra Tores, a imposição tiraria a autonomia da Agência e seria uma “ameaça à soberania nacional no que tange os aspectos sanitários”. “O que não pode é não termos mais o poder de analisar. Se não tivermos o poder de analisar, quem vai analisar? Quem colocará a chancela de responsabilidade pelo produto que será entregue aos senhores, aos seus familiares, aos meus familiares e a mim mesmo? Então isso não é razoável”, disse anteriormente sobre a proposta.

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