Após quedas consecutivas nos acidentes, mortes no trânsito voltam a aumentar no Brasil

De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), somente nas rodovias federais, foram registrados 64 mil acidentes, entre eles, 52 mil tiveram vítimas, mortos ou feridos

  • Por Jovem Pan
  • 04/09/2023 08h24
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RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 20/03/2023 Imagem de trânsito com motos entre os carros Trânsito intenso na Marginal Pinheiros, em São Paulo
Desde 2021, o Brasil voltou a registrar aumento nas mortes no trânsito de acordo com o Ministério da Saúde. Com base nos últimos dados, que datam de 2021, foram 33,8 mil vítimas, o que representa um crescimento de 3,35%, na comparação com 2020. Em entrevista à Jovem Pan News, o chefe da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), Adrualdo de Lima Catão, afirma que o Ministério dos Transportes irá ampliar suas ações para conter a violência no trânsito: “A gente estava com alguma dificuldade, o nosso Registro Nacional de Estatísticas (Renaest) tem uma defasagem com relação ao SUS. Estamos planejando para Secretaria entregar, até o final do ano, um novo Renaest mudando toda a coleta. Nossa ideia é que cada agente de trânsito, cada bombeiro, cada representante do SAMU tenha, por meio do nosso aplicativo de fiscalização, a possibilidade de cadastrar o sinistro. E a gente vai ter as informações de sinistro em tempo atualizado, imediatamente. Isso vai ser muito importante, além da integração com as outras bases de dados”.

No ano passado, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), somente nas rodovias federais, foram registrados 64 mil acidentes. Entre eles, 52 mil tiveram vítimas, mortos ou feridos, e o carnaval foi o período de maior incidência. O secretário nacional de trânsito promete uma ação mais efetiva contra os sinistros: “Depois que a gente tiver com isso tudo bem incrementado, funcionando bem, a nossa ideia é estabelecer um processo de transparência desses dados, para que as pessoas possam cobrar das autoridades. Por exemplo, se a sua cidade é uma cidade que tem, infelizmente, muitos mortos no trânsito, e quais medidas serão tomadas. A Senatran vai apresentar todo o cardápio de medidas, por meio do Penatrans, que é o nosso Plano Nacional de Redução de Mortes, que está sendo revisado ainda esse mês”.

Especialistas defendem que o Brasil precisa investir muito mais em educação para promover uma mudança de comportamento no trânsito para as futuras gerações. O advogado Maurício Januzzi ressalta que, desde 2007, o Código de Trânsito Brasileiro prevê uma disciplina sobre o tema nas escolas, mas, até agora, nada foi implementado: “Ela simplesmente é ignorada pelo Ministério da Educação, e também pelo Ministério dos Transportes e da Segurança (…) Tecnicamente isso é deixado de lado. Fica só na fiscalização, quando dói no bolso, as multas que aparecem. Não vejo empenho dos três níveis de governo em fazer essa educação no trânsito”. O Brasil firmou um compromisso com a ONU (Organização das Nações Unidas) pela redução de 50% das mortes no trânsito até 2028. Promover esta redução pode ainda contar gastos já que, de acordo com a estimativa da CNT, o custo causado pelos acidentes nas rodovias federais, em 2022, foi de R$ 13 bilhões, o dobro do investimento federal na malha pública, que é da ordem de R$ 6,5 bilhões.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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