Após seca, São Paulo deve ter ‘excesso de chuvas’; secretário explica plano para prevenir desastres
Entre as ações da secretaria de Mudanças Climáticas estão a construção de piscinões e piscininhas, permeabilização do solo em pontos estratégicos e o monitoramento de áreas de risco
Apesar de, atualmente, passar por uma crise hidroenergética, com longo temporada de estiagem e seca de barragens, a cidade de São Paulo já se prepara para o período de fortes chuvas, que devem chegar antes do início do verão neste ano de 2021. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o secretário executivo de Mudanças Climáticas da prefeitura Pinheiro Pedro destacou que o Brasil vivencia um comportamento errático do clima, o que deve trazer eventos extremos ao município. Ele explicou ainda como a cidade está se preparando para enfrentar a situação. “Infelizmente temos uma previsão de muitas chuvas. Há um comportamento errático do clima. Já tivemos no Brasil, na última semana, episódios de chuvas intensas na região sul do Brasil, com granizo, numa proporção que seria razoável em período de verão. E nós ainda estamos na passagem do inverno para a primavera. O que acontece é que nós estamos sofrendo uma fase em que os eventos climáticos irão se tornar e estão se tornando extremos. Então a preocupação da prefeitura de São Paulo com esta nova formulação do plano preventivo de chuvas de verão é estabelecer um projeto de resiliência da cidade, aumentar a resistência dos paulistanos e da cidade como um todo. Estamos passando por um período de emergência climática agora, com falta d’água, e precisamos nos prevenir do excesso de água que virá no período de chuvas”, afirma.
Para evitar grandes desastres relacionados a enchentes, desabamentos e deslizamentos, o secretário afirma que a prefeitura está desenvolvendo um trabalho de controle preventivo, envolvendo todas as secretarias e atuando em diversas frentes. “Criamos um comitê com representantes de todas as secretarias e que envolvem também a Defesa Civil, responsável operacional pelos atendimentos nesses períodos complexos de chuva, deslizamento e desabamento. Contamos com três centros de gerenciamento de emergência, com satélites, radares e mecanismos de simulação, que podem, de acordo com a pluviometria, o nível de água, o volume de ventos, o comportamento das massas que causam as chuvas, simular o nível de alagamento de alguns locais e providenciar ações preventivas de retirada de pessoas”, diz Pedro. Ele conta ainda que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CT) também está ligado aos trabalhos realizados pelo comitê, com o objetivo de minimizar os efeitos das fortes chuvas no trânsito.
Para evitar os alagamentos, o secretário fala das medidas já implementadas na cidade e que devem passar por obras no início de novembro, para aprimoramento. “Nós temos oito piscinões que estão sendo melhorados, reformados e construídos. Vai haver um trabalho intenso de execução de obras. Esperamos que esse trabalho esteja em fase de preparação até o final de outubro e que no início de novembro já tenhamos uma execução intensa do plano preventivo de chuvas, contando não só com os piscinões, mas demais trabalhos, como 56 áreas de quadras esportivas de escolas municipais que já contam com piscininhas embaixo delas”, comentou.
Além dos piscinões e piscininhas, Pedro destacou os jardins de chuva, que tem como objetivo principal tornar o solo permeável para retenção da água. “Já são 140 jardins sendo instalados em pontos específicos em São Paulo. A água hoje cai sobre uma área impermeabilizada e corre mais rápido para os locais de enchentes. Isso causa a inundação, a velocidade. E isso precisa ser reduzido. Reduzimos com as piscininhas, piscinões e a permeabilização do solo, de maneira que a água passe a ser retida”. Ainda na entrevista o secretário explicou que a cidade de São Paulo, geograficamente, está localizada numa região alagada e que, por isso, as enchentes são esperadas. “São Paulo é um imenso banhado com algumas colinas, e ocupamos essa região. Mas a água ainda não se deu conta de que estamos ocupando essa área. Então é previsível e natural que haja episódios”.
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