Prioridade de Biden será ‘curar feridas’ e unir país polarizado, diz diplomata

Há estados em que a eleição está sendo decidida por centenas de votos’, comenta Rubens Ricupero; democrata precisa de apenas mais seis delegados para ser considerado o novo presidente dos Estados Unidos

  • Por Jovem Pan
  • 05/11/2020 09h14 - Atualizado em 05/11/2020 09h51
EFE/EPA/JIM LO SCALZO Assim como a disputa, o próprio país segue polarizado, desafio que deve determinar as primeiras ações no novo governo

Dois dias após a data da eleição dos Estados Unidos, o pleito americano segue sem um resultado. Com disputa apertada, Joe Biden e Donald Trump concorrem, estado a estado, pela vaga na Casa Branca. Assim como a disputa, o próprio país segue polarizado, desafio que deve determinar as primeiras ações no novo governo, avalia o diplomata Rubens Ricupero. Ele cita que, antes mesmo de chegar à posse, o futuro presidente dos Estados Unidos deverá “tentar acalmar as coisas” e superar essa fase de ressentimentos. “Hoje, o país é extremamente dividido, a eleição provou que o país continua rachado quase que ao meio. Há estados em que a eleição está sendo decidida por centenas de votos’, comenta.

O diplomata afirma que, considerando a provável vitória democrata, a futura vice-presidente Kamala Harris terá um papel fundamental para amenizar a polarização norte-americana e, ao mesmo tempo, direcionar o governo a grupos em que Joe Biden “não é tão forte”. “Biden é centrista, quase centro-direita, ele tem uma tendência conversadora. Então, a Kamala será o elo entre ele e essa ala mais radical democrata e com grupos que estão impulsionando reivindicações raciais, por exemplo”, explica em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan. No entanto, embora considere que ações mais “domésticas” serão adotadas nos primeiros passos do possível futuro governo democrata, Rubens Ricupero lembra que Biden deve tomar decisões já anunciadas, como o retorno dos Estados Unidos ao acordo de Paris e na Organização Mundial da Saúde (OMS), o enfrentamento mais ativo da pandemia da Covid-19 e a liderança de uma campanha mundial pela vacina contra o coronavírus.

Quanto ao possível relacionamento do Brasil com Joe Biden, o ex-embaixador reforça que a preocupação é com o posicionamento do governo brasileiro e não com a reação democrata. Para Ricupero, o país já deveria ter estabelecido contato com o candidato e, agora, em meio à corrida eleitoral, deveria se manter isento. “Biden é um homem moderado, centrista, não em um viés ideológico, e ele aprecia bem a importância do Brasil. Mas eu me preocupa mais com aqui, porque às vezes as pessoas tem uma relação de provocação. Eles supõem coisas e começam a fazer declarações inúteis. Então é melhor ter cuidado aqui do que lá”, finaliza. Em oposição ao que indica o diplomata, o presidente Jair Bolsonaro já manifestou, em diversas ocasiões, seu apoio à reeleição de Donald Trump. Em conversa com apoiadores na quarta-feira, 04, o presidente reafirmou sua torcida pelo republicano, negou interferência no pleito e chegou a criticar Joe Biden. “É isso que vocês tão querendo para o Brasil?”, perguntou, em referência ao democrata. Em seguida o chefe do Executivo federal declarou: “Tenho uma boa política com o Trump, espero que ele seja reeleito”. A apuração dos votos nos Estados Unidos segue nesta quinta-feira, 05. Ao todo, Joe Biden soma 264 delegados, 50 a mais que o republicano, e precisa apenas de seis votos de delegados para ser eleito.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.