Atos de Trump e Bolsonaro se assemelham a governos totalitários, avalia especialista
Para Marcos Coimbra, o presidente brasileiro está ‘preparando o terreno’ para questionar a legitimidade das eleições de 2022
As contas do Facebook, Instagram e Twitch do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foram bloqueadas por tempo indeterminado. O anúncio foi feito pelo presidente-executivo da rede social, Mark Zuckerberg, em um post, após a invasão ao Capitólio por apoiadores do presidente. Durante o ato violento no Congresso, na última quarta-feira, 06, o presidente americano usou as redes sociais para questionar a legitimidade das eleições, sem apresentar provas, e ainda elogiou os manifestantes. Agora, o tempo mínimo que Trump ficará impedido de postar nessas redes será de duas semanas. Isso coincide com a posse do presidente eleito Joe Biden, marcada para o próximo dia 20 de janeiro. As empresas vêem risco do republicano utilizar os serviços de maneira errada, e com a medida esperam pela transição pacífica de poder.
A construção da narrativa acerca de fraudes eleitorais por Donald Trump e que ecoa no Brasil por meio do presidente da república, Jair Bolsonaro, tem provocado inquietação nas instituições democráticas. O chefe do Planalto voltou a contestar o uso de urnas eletrônicas e disse que algo pior do que ocorreu nos Estados Unidos pode acontecer em 2022 no Brasil. Para o coordenador de relações institucionais e governamentais do Mackenzie, Marcos Coimbra, essas atitudes se assemelham a governos totalitários. “É uma característica de regimes populistas, o que fez o presidente Trump. O presidente Bolsonaro, assim como Trump já fez nos últimos anos, está preparando o terreno para questionar a legitimidade das eleições de 2022. Ele até questinou a legitimidade do pleito que o levou ao poder em 2018.”
A colocação em xeque do processo eleitoral por parte do presidente da república, segundo a advogada criminalista Jaqueline Valles pode levar Jair Bolsonaro a responder um processo, caso a Procuradoria Geral da República se manifeste. “O procurador geral da República deverá requerer a instauração de investigação com relação ao que ele disse, pedirá para que ele se pronuncie e confirme ou não as suas palavras, a sua intenção, para ficar afirmada uma vontade realmente dele e daí há todo um procedimento legal do processo legal”, explica. O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin destacou que a invasão ao Congresso dos Estados Unidos deve colocar em ‘alerta’ a democracia no Brasil e ressaltou que quem falsamente confronta a integridade das eleições deve ser responsabilizado. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso se manifestou em nota dizendo que a alternância no poder é rito vital da democracia e não aceitá-la é vício dos espíritos autoritários, que não respeitam as regras do jogo, e finalizou acrescentando que uma importante lição da história é a de que governantes democráticos desejam ordem. Por isso mesmo, não devem fazer acenos para desordens futuras, violência e agressão às instituições.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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