Aumento do consumo de álcool por diabéticos na pandemia preocupa médicos

Pesquisa feita por sistema especializado em telemedicina para atender diabéticos no Brasil registra crescimento de 1,14% nos relatos de consumo

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2021 06h53
Pixabay/Creative commons O copo Aumento no consumo de álcool pode ser ainda mais prejudicial aos diabéticos

Um encontro de especialistas promovido pela Associação de Diabetes Juvenil na última semana trouxe dados preocupantes sobre a doença. A médica Karla Melo, que é colaboradora da equipe de diabetes do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, citou vários estudos internacionais que mostram o aumento do uso de bebidas alcoólicas por jovens diabéticos durante a pandemia. Aqui no Brasil, não foi diferente: uma pesquisa feita pelo sistema Glic de telemedicina para atendimento de diabéticos no país mostra que de março a dezembro de 2020 há um crescimento de 1,14% nos relatos de consumo. A médica explica que a ingestão deste tipo de bebida traz risco de hipoglicemia – que é uma queda muito acentuada das taxas de açúcar no sangue. “É recomendado que as pessoas com diabetes limitem a ingestão de álcool devido ao risco maior de hipoglicemia. O estoque de glicose no fígado diminui e a produção de glicose pelo fígado, que é quem mantém todos vocês que não têm diabetes com glicemias normais entre as refeições e no período do sono, é essa produção de glicose pelo fígado, porque você não está ingerindo alimentos e o carboidrato não está entrando no seu organismo, então é bastante importante esta questão de risco de hipoglicemia induzido por álcool”, afirmou.

A endocrinologista e diretora da Associação de Diabetes Juvenil, Denise Franco, também chamou a atenção para o uso de corticoides – comum no tratamento de pacientes graves de coronavírus – relacionado ao surgimento de diabetes. “O corticoide é um remédio que aumenta a glicemia. Ele por si só é um fator que estimula a glicemia elevada, porque um dos efeitos colaterais é que ele aumenta a resistência insulínica, e com isso ele aumenta a glicemia. Você pode ter aí uma piora da doença que você já conhece que tem e alguém que tem lá um fator e às vezes começa a usar a medicação e não tem diabetes, pode desenvolver diabetes neste período de uso. São doses elevadas da medicação, e com isso ter o que a gente chama de diabetes medicamentosa”, explicou. Segundo a Associação, 10% da população brasileira tem diabetes. A diabetes tipo 2 é a mais comum, que envolve pacientes geralmente acima do peso e com má alimentação. No Brasil, 73% dos pacientes com diabetes tipo 2 estão com a doença fora do controle.

*Com informações da repórter Carolina Abelin

 

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