Aumento significativo de agressões e ameaças contra candidatos preocupa
Na madrugada de sexta-feira, 13, a casa do vereador e candidato a prefeito de Mairinque, Rafael da Hípica, foi alvo de tiros
A violência política está cada vez maior no Brasil. Segundo uma pesquisa feita pelas organizações não-governamentais Terra de Direitos e a Justiça Global, os crimes contra candidatos e pré-candidatos triplicaram nos últimos quatro anos. Ente eles, estão ameaças, agressões, ofensas e até assassinatos. A candidata a vereadora de São Paulo nas eleições 2020, Wafá Kadri, conta que precisou abrir dois boletins de ocorrência contra a violência que vem sofrendo na internet. Para ela, o fato de ser jovem, além de mulher e primeira candidata a vereadora representando a comunidade árabe em São Paulo, colaboram para as agressões. “A gente já sofre todas as coisas, eu tenho 1,5 metro, tenho 23 anos, sou jovem, então as pessoas já tem aquele preconceito todo. Eu sou árabe porque eu sou alvo fácil e começaram a mandar vídeo em que sou terrorista. A partir disso passei a receber diversos ataques de gente falando que se me encontrasse eu ia ver, que era um absurdo, que era para eu ficar esperta onde eu andava. Eu não saio na rua sozinha, sempre saio acompanhada de uma ou duas pessoas.”
Os casos não param por aí: na madrugada de sexta-feira, 13, a casa do vereador e candidato a prefeito de Mairinque, Rafael da Hípica, foi alvo de tiros. Na quarta-feira, um carro que transportava a candidata à prefeitura da cidade de São Vicente, Solange Freitas, também foi alvo de um tiroteio. Dias antes, o candidato a vereador de Guarulhos, Ricardo Moura, foi baleado durante uma transmissão ao vivo pela internet. O cientista político Hilton Cesario Fernandes explica que a internet ajuda a criar um ambiente de maior hostilidade, mas ressalta que a violência política pode vir de mais fatores. “Existe uma polarização porque existe uma animosidade também entre a população por causa da polarização política e, em alguns casos, existe também a chance de ser um crime organizado como vimos no Rio de Janeiro, que acaba executando alguns candidatos ou militantes porque mexe com os interesses deles. O que acontece na política é um reflexo do que acontece na sociedade. Essa violência, essa organização do crime, a polarização, tudo isso está acontecendo na sociedade independentemente da política”, explica. Entre janeiro e outubro deste ano, o monitoramento do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania contabilizou 82 assassinatos de militantes e candidatos. O mês com maior registro de violência política foi setembro, o início da campanha eleitoral, com 13 homicídios.
*Com informações da repórter Beatriz Manfredini
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