Base de Lula terá presidência e relatoria da CPMI do 8 de Janeiro, diz o deputado vice-lider do governo
Deputado Lindbergh Farias convocou coletiva de imprensa para declarar que já articula a tomada das posições mais estratégicas da comissão
O governo Lula deu início às articulações para ficar com a presidência e com a relatoria da CPMI do 8 de Janeiro. Nesta quinta-feira, 20, o vice-líder do governo no Congresso, o deputado Lindbergh Farias (PT-PB), convocou a imprensa para dizer que os líderes da base aliada não vão aceitar que o autor do requerimento da CPMI, o deputado André Fernandes (PL-CE), seja o relator. Segundo Lindbergh, o próprio regimento não permite que nenhum deputado ou senador vote em assuntos de interesse pessoal: “Nós nunca aceitaríamos, e eu chamei também para falar sobre isso, que o autor desse pedido de CPI, um deputado do Ceará chamando André Fernandes, que está sendo investigado no Supremo Tribunal Federal por sua participação nos atos de 8 de Janeiro… Essa turma não pode presidir uma comissão parlamentar de inquérito séria”.
No Senado, a oposição critica a mudança de posicionamento da base aliada do governo em relação à CPMI. Parlamentares alegam que o governo quer ficar com a presidência e com a relatoria na tentativa de controlar as investigações para que a verdade não venha à tona. Por outro lado, os governistas já preparam uma lista de nomes para indicações. “Estamos separando os melhores quadros para estar lá. Lá no Senado já tem uma turma, Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Humberto Costa, Omar Aziz, vamos preparar os melhores para participar. Há uma maioria do governo, a presidência vai ser do governo, do bloco governista, e o relator também”, declarou Lindbergh. Apesar de declarar apoio à CPMI, os governistas não assinaram o requerimento.
Não existe regra que garanta a relatoria ou presidência da comissão para algum grupo ou parlamentar específico. Tudo depende de muita negociação entre os parlamentares. Considerando que a instalação da CPMI é praticamente inevitável, os líderes do governo se reuniram nesta quinta e decidiram apoiar a comissão. Como se trata de uma comissão mista, ela deve ser composta por deputados e senadores. A oposição, que predominantemente assinou o requerimento, deve fazer suas indicações respeitando critério de proporcionalidade. Os líderes de partidos fazem as indicações dos membros, que posteriormente elegem o presidente. E o presidente indica o relator.
Após as novas imagens, que mostram a atuação do GSI no Palácio do Planalto, mais 26 deputados assinaram requerimento, minando qualquer tentativa de esvaziamento da comissão por parte do governo. A sessão chegou a ser adiada nesta semana a pedido dos governistas, no entanto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que não há como evitar a instalação da CPMI do 8 de Janeiro. O requerimento é o primeiro da pauta. A sessão do Congresso está marcada para o dia 26 de abril. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que as imagens que foram divulgadas recentemente que mostram o ministro do GSI, Gonçalves Dias, no Palácio do Planalto junto de vândalos no dia 8 de Janeiro, estão editadas e que se trata de teoria da achar que poderes públicos tiveram responsabilidade pelas invasões das sedes dos Três Poderes.
*Com informações da repórter Berenice Leite
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