‘Bilateral com o Zelensky seria importante’, aponta professor de relações internacionais sobre Lula na ONU

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, Paulo Velasco apontou que Assembleia Geral das Nações Unidas é bom ambiente para corrigir o desencontro entre os chefes de Estado no G7

  • Por Jovem Pan
  • 18/09/2023 09h41 - Atualizado em 18/09/2023 09h54
Reprodução/Jovem Pan News paulo-velasco-assembleia-geral-onu-jornal-da-manha-jovem-pan-news Em entrevista ao Jornal da Manhã, Paulo Velasco analisou a ida de Lula (PT) à Assembleia Geral da ONU

A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) começa nesta terça-feira, 19, com foco na busca por soluções contra fome e mudanças climáticas. A presença de Volodymyr Zelensky trouxe expectativa para um encontro entre o presidente da Ucrânia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ambos se desencontraram no G7, após o cancelamento de uma reunião, e devem se reunir em Nova York nesta semana. Para falar sobre o possível roteiro de Lula na assembleia da ONU, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o professor de relações internacionais da UERJ Paulo Velasco, que destacou a reunião entre os dois chefes de Estado. “Importante o encontro com o Zelensky, sem dúvida, justamente pela frustração que aconteceu ali na reunião do G7, em que essa bilateral por vários motivos não ocorreu. Mas eu não vejo de fato o Brasil inclinado a mudar efetivamente a sua posição no que tange o conflito, no que tange a guerra, em apoiar o envio de armas para a Ucrânia, por exemplo, ou assumir uma posição condenatória mais contundente.”

“O Brasil já condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado, em várias votações no âmbito da ONU, no Conselho de Segurança. Mas o Brasil não apoia o isolamento da Rússia, o Brasil não apoia sanções mais profundas contra a Rússia. Não vejo, de fato, o presidente Lula disposto a mudar tão radicalmente a posição brasileira. De todo modo, uma bilateral com o Zelensky seria importante para o Brasil afirmar diretamente ao presidente ucraniano a disposição de atuar como um potencial mediador ao lado de outros países (…) Não há um ambiente melhor para fazer isso do que a própria ONU”, explicou.

Velasco ressaltou que o discurso do Brasil, que abre a cúpula, historicamente tem impacto na cena internacional e projetou qual deve ser o foco de Lula. “Certamente veremos o presidente Lula insistindo em temas que têm sido enfatizados ao longo dos últimos tempos, a importância do Brasil assumir um papel de protagonismo na questão climática e na questão ambiental de maneira mais ampla, a defesa de uma nova arquitetura financeira global, um compromisso amplo no combate à fome, no combate à pobreza e na redução da desigualdade entre os países. São temas sempre prioritários para o Brasil e têm aparecido nos discursos do presidente Lula ao longo dos últimos meses em várias reuniões, com várias lideranças.” Além do discurso de abertura, o professor de relações internacionais disse que há a expectativa para iniciativas com outros países no campo econômico e no combate às desigualdades.

“Já foi proposta a ideia do Brasil de uma aliança global a partir do G20 financeiro, contra a fome e contra a pobreza. Está se especulando a possibilidade de haver a criação, junto com o governo norte-americano, de uma medida concreta a favor da promoção do trabalho decente no mundo, no sentido de tentar ampliar garantias trabalhistas. Em boa parte do globo, isso é praticamente inexistente. A expectativa é de algo para além do discurso, algo que seja prático, que seja concreto, e permita aos Estados, em um ambiente multilateral como é a ONU, promoverem iniciativas e ações de coordenação e cooperação em direção à construção de uma ordem internacional mais justa, menos assimétrica e menos desigual”, argumentou. Confira a entrevista na íntegra no vídeo abaixo.

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