Boris Johnson anuncia novas medidas de restrição com base em interesses políticos e econômicos
Aparentemente, o gabinete conservador do Reino Unido deixou de seguir as recomendações dos médicos e cientistas do próprio governo
O novo sistema de alerta britânico para tentar conter o coronavírus foi anunciado oficialmente na segunda-feira (12) e não demorou para gerar polêmicas. As decisões agora estão sendo tomadas com base nos interesses políticos e econômicos — a tão exaltada ciência ficou em segundo plano. O primeiro-ministro Boris Johnson detalhou o plano de seu gabinete que inclui três níveis de alerta para novas contaminações. A maior parte do país segue no nível médio — incluindo Londres. Para essas regiões continuam valendo as regras atuais, que incluem toque de recolher às 22h com o fechamento do comércio. Liverpool, no norte da Inglaterra, está no nível muito alto, o terceiro da lista, e a partir da quarta (14) bares, pubs e casas de apostas terão que fechar as portas completamente.
Os encontros entre pessoas que não moram no mesmo endereço também estão proibidos para evitar o aumento da transmissão. Discursando na segunda no número 10 de Downing Street, o primeiro-ministro falou sobre a necessidade de endurecer as regras neste momento. Johnson confirmou que hoje os hospitais do país já estão tratando mais pacientes com a Covid-19 que em 23 de março, quando o país entrou no primeiro lockdown — e que o número de mortes também está crescendo. A questão é que, aparentemente, o gabinete conservador deixou de seguir as recomendações dos médicos e cientistas do próprio governo.
Documentos oficiais mostram que o grupo de especialistas do gabinete conservador já tinha alertado para medidas mais duras há várias semanas. E que neste momento a recomendação era para um lockdown nacional de curta duração para tentar conter o contágio descontrolado. Johnson, que está sendo pressionado por todos os lados, decidiu adotar uma versão mais branda das restrições. E está compartilhando a responsabilidade das decisões com líderes regionais — para não ficar sozinho com ônus político de fechar o país.
As autoridades locais ao redor da Grã Bretanha estão sendo estimuladas a ir além nas medidas de restrição caso seja necessário. Enquanto isso, a economia britânica continua sangrando. Hoje foi confirmado o aumento do desemprego por aqui em ritmo acelerado. O número de demissões é o mais alto da Grã Bretanha desde 2009 e isso fez com que a taxa de desemprego subisse quase meio ponto percentual. Ela agora está em 4,5% — e a opinião unânime entre os especialistas é de que este é apenas o começo de uma longa crise no mercado de trabalho trazida pela pandemia de coronavírus.
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