‘Brasil terá vacinas suficientes para aplicar 3ª dose em toda a população até o fim de 2021’, diz especialista

Renato Kfouri lembra que a diminuição do intervalo entre as doses das vacinas vai possibilitar uma maior taxa de pessoas com esquema vacinal completo em um menor tempo

  • Por Jovem Pan
  • 30/08/2021 09h36 - Atualizado em 30/08/2021 10h35
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MAURO AKIIN NASSOR/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Profissional da saúde aplica vacina em pessoa Apesar do cenário de positividade, o especialista lembra que ainda temos poucas pessoas com as duas doses

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), Renato Kfouri, avaliou, em entrevista ao Jornal da Manhã, que a situação da pandemia do coronavírus no Brasil deve ser melhor em 2022 em virtude da quantidade de vacinas que estarão disponíveis ao final deste ano. Com as doses que estão chegando, Kfouri acredita que será possível dar uma dose de reforço contra a Covid-19 em toda a população brasileira. “Em termos de números de doses, o Brasil terá vacinas suficientes para praticamente dar três doses em toda a população brasileira até o final desse ano. Chegaram mais 140 milhões de doses da Pfizer, mais doses da Janssen pela Covax Facility, então vacinas não nos faltarão”, disse o diretor da SBIm. “A terceira dose tem se mostrando extremamente importante para esses os mais vulneráveis que respondem mal a um esquema de duas doses. Esse reforço agora para quem tem mais de 70 anos e uma terceira dose para aqueles que tem comprometimento do sistema imunológico é fundamental”, afirmou.

O especialista também lembrou que a diminuição do intervalo entre as doses das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca vai possibilitar uma maior taxa de pessoas com esquema vacinal completo em um menor tempo. A partir de setembro, o prazo entre as aplicações dos imunizantes passará de 12 para 8 semanas para toda a população. “Essa diminuição certamente ajuda. Intervalos maiores geralmente refletem em uma cobertura vacinal menor. Então como já estamos completando no país 100% da população acima de 18 anos com uma dose, o desafio agora é completar o esquema dos indivíduos que já iniciaram”, enfatizou o infectologista sobre a necessidade das pessoas voltarem para a segunda dose. Apesar disso, Kfouri destacou que o Brasil é um dos países com menor recusa vacinal e maior adesão da população à vacinação. “Teremos boa parte da população vacinada. Isso cria uma expectativa e um cenário muito bom em termos de proteção, especialmente das formas graves. Faz nos inspirar muito mais confiança em termos de enfrentamento da pandemia”, afirmou Kfouri. “Vacinação o quanto antes para terminarmos esse ciclo esperançosos de que 2022 será um ano bem melhor do que foi esse.”

Cenário é positivo, mas momento ainda é de cautela

Apesar da positividade para 2022, Renato Kfouri ressalta que o momento ainda é de cautela. “Nós ainda temos uma combinação muito perigosa, que é a variante Delta circulando e um número ainda pequeno de vacinados com as duas doses. A população também já está cansada dessas medidas de isolamento social, da máscara e, as vezes, está sendo estimulada pelos próprios governantes a se aglomerar. Eles estão dizendo que ‘já já’ vamos ter liberação para sair sem máscara, que teremos carnaval, público em estádios de futebol, mas o momento é de menos euforia e mais cautela”, disse o diretor da SBIm, que aponta que alguns indicadores, apesar de positivos, são incertos.

“A gente tem alguns indicadores positivos: número de novos casos em decréscimo e número de mortes também em decréscimo. A ocupação de leitos não é um bom indicador, porque muitos leitos foram criados durante a pandemia. Tem Estados que triplicaram o número de leitos. Então, hoje a gente está com 50% dos leitos ocupados de 3 vezes o número habitual de leitos. Não é uma tão boa notícia. É claro que estamos diminuindo, mas o número de casos e internações ainda é muito alto”, explicou. O Ministério da Saúde informou neste domingo, 29, que 20 Estados brasileiros registraram uma taxa de ocupação de leitos para Covid-19 inferior a 50% – índice considerado normal – pela primeira vez desde o começo da pandemia, em março do ano passado. “Esses leitos são rearranjados de acordo com a necessidade. Se eu tenho 50 pacientes internados, uma ocupação de 100%, e eu crio mais 50, a minha ocupação fica em 50% quando o número de indivíduos internados é o mesmo. Precisamos ter cautela ao avaliar esse indicador de ocupação no número de leitos”, finalizou Kfouri.

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