Brasileiras presas por engano na Alemanha comemoram mudança na segurança do Aeroporto de Guarulhos
Nova determinação da Receita Federal estabelece que celulares e aparelhos de captura de imagens para uso particular ou empresarial só poderão ser utilizados em áreas previamente autorizadas
As goianas Jeanne Paolini e Katyna Baya comemoraram a decisão que acabou de entrar em vigor sobre a proibição do uso de celulares por funcionários do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, nas áreas de carga e segurança. De acordo com a determinação da Receita Federal, o uso de aparelhos e outros equipamentos de captura de imagens de uso particular ou empresarial poderá ser autorizado apenas nos espaços sinalizados pelo órgão. “Nós acreditamos que talvez isso não resolva por completa a questão da segurança dos aeroportos, mas já foi um primeiro passo”, disse Jeanne. “Ficamos muito felizes em entender que isso inibe tais quadrilhas de fazer novas vítimas, como fomos naquele momento”, continuou Katyna. Após despacharem suas malas no balcão de check-in da Latam, as brasileiras tiveram suas bagagens trocadas por outras contendo cocaína. Ambas foram presas ao desembarcarem em Frankfurt, na Alemanha, onde amargaram dias dolorosos na cadeia.
A veterinária e a personal trainer esperam que as ações, como essa da Receita Federal, não parem por aí para evitar que outras pessoas passem pelo pesadelo que elas foram submetidas após a experiência traumática depois de ter confiado suas malas à Latam. “Eu acho que ficou claro para todo mundo a vulnerabilidade do serviço de espaço de mala no Brasil. O que nós esperamos, de fato, é que aconteçam novas medidas para trazer ainda mais segurança, porque ninguém dessa nossa nação merece passar por tamanha injustiça e pesadelo como nós passamos”, disse Katyna. “Todos nós, quando vamos despachar uma bagagem, nós pagamos por esse serviço. Então, é de responsabilidade da companhia aérea cuidar das nossas bagagens para que isso não aconteça”, disse Jeanne.
Após o emblemático caso das brasileiras, a integração dos órgãos governamentais com as administradoras de aeroportos e companhias aéreas entrou de vez na pauta de discussões para o aprimoramento da segurança. O agente da Polícia Federal, Leandro Lima, indica que é preciso apertar o cerco contra o crime organizado. “Organizações criminosas que trabalham cooptando essas pessoas e o celular facilita muito esse trabalho dessas pessoas. E o interesse nosso e de toda a população é que isso seja cada vez mais difícil ou até impossível de ter essa comunicação e coibir esse tipo de crime dentro dos aeroportos. Acredito que medidas como essa venham para dificultar, coibir esse tipo de crime dentro dos aeroportos”, diz Lima.
Abaladas psicologicamente, Jeanne e Katyna, que ainda não se recuperaram do trauma e não conseguiram retornar às suas atividades, vêm, as contas, se acumulando. “Nós seguimos em tratamento, acompanhamento com psiquiatras, com terapeutas. Katyna tentou voltar aos poucos a trabalhar, mas não se sente apta ainda de forma física nem mental. E eu também ainda não consegui voltar a trabalhar, não tenho indicação dos médicos para voltar a trabalhar ainda. […] Virou uma bola de neve e até hoje nós estamos ainda pagando pela viagem que não fizemos”, afirma Jeanne. As brasileiras vão entrar com uma ação de reparação contra a Latam, que foi a companhia responsável pela viagem e pelo despacho das bagagens. Além de danos morais e materiais, o processo também vai incluir o pedido de indenização sobre lucros cessantes, já que as duas ficaram presas, deixando de obter renda em suas profissões.
Confira a reportagem na íntegra:
*Com informações do repórter Daniel Lian
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