Brasileiro gasta quase 5 horas semanais para ir ao trabalho; pandemia pode mudar essa logística
Pesquisa do IBGE mostra que moradores da região sudeste são os mais afetados no tempo de deslocamento, com 5,4 horas semanais
A Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada nessa sexta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz um recorte sobre o tempo que o brasileiro gastava indo para o trabalho antes da pandemia. Os dados são referentes ao ano de 2019, momento no qual se constatou que 86% das pessoas com 15 anos ou mais se deslocavam de casa para o trabalho e vice-versa. A maioria delas era do sexo masculino. A estatística chega a 89% para eles e cai para 83% para elas. Quanto ao tempo gasto, nacionalmente, a média é de 4,8 horas. Os moradores da região sudeste eram os mais prejudicados: gastando em média 5,4 horas por semana, mais de uma hora por dia, considerando o trajeto de ida e volta Em São Paulo, capital, o número foi o maior do país: 7,8 horas por semana em deslocamento.
A analista da pesquisa, Maíra Bonna Lenzi, diz que a pesquisa reflete não só a concentração populacional, mas também a centralização das oportunidades de trabalho nos grande centros, fazendo com que aconteçam as migrações diárias das regiões periféricas. “A densidade demográfica e o tamanho do município fazem com que as pessoas se expandam cada vez mais para fora dos centros urbanos e se concentrem as periferias. Com isso, elas ficam mais ainda distantes do trabalho. O professor Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, é especialista em planejamento de transportes e logística. Ele analisa que a mobilidade urbana passa por um momento atípico e algumas tendências podem se impor. “Haverá o que eu chamo de ‘micro movimentos’. As pessoas vão espalhar. O que é que significa isso? Elas vão evitar os horários de pico, o que não faziam antes. Agora, se forem trabalhar, pode ser que as empresas comecem, por exemplo, a mudar o horário de trabalho, justamente para não haver a exposição ao pico da manhã, da noite”, explicou. Mas, segundo ele, melhorias definitivas, deslocamentos mais inteligentes pós-pandemia só virão se houver políticas públicas.
*Com informações da repórter Carolina Abelin
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