Caso Dom Philips deixa Brasil ‘sob pressão’ e pode influenciar em aprovação na OCDE, diz especialista

Professor de relações internacionais da USP, Kai Enno Lehmann avalia fôlego político para adesão do país ao bloco; questões ambientais também serão exigidas

  • Por Jovem Pan
  • 13/06/2022 09h10 - Atualizado em 13/06/2022 10h13
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João Laet / AFP Dom Phillips: homem branco de meia idade com caderno na mão na Amazônia Desaparecimento do jornalista e do indigenista fará a pressão política aumentar

A entrada do Brasil para Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) pode ser influenciada pela solução do desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira. A avaliação é do professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Kai Enno Lehmann. Na visão dele, embora a decisão para entrada no bloco seja principalmente técnica, há muita influencia política que pode influenciar na aprovação – ou não – do país. “Há folego político dentro da organização para o Brasil aderir nesse momento, quando internacionalmente o país está sob muita pressão pelo que está acontecendo na Amazônia, com um jornalista estrangeiro? É importante isso em termos políticos. Não estamos falando apenas sobre um ambientalista, é um jornalista estrangeiro muito conhecido”, mencionou Lehmann, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta terça-feira, 13.

Segundo o professor, o desaparecimento do jornalista e do indigenista fará a pressão política aumentar, ao mesmo tempo que deve exigir que o Brasil mostre “comprometimento com as medidas ambientais”, outra importante marca da OCDE e seus Estados-membros. “A Organização gosta de ‘se vender’ como uma organização que promove sustentabilidade ambiental, então há uma série de boas práticas ambientais e sustentabilidade que a organização repassa para os seus Estados-membros e exige que os candidatos mostrem progresso em relação a essas práticas. Mas, neste momento, principalmente o que está acontecendo com Dom Philips na Amazônia tem uma questão política por trás”, completou.

Embora o desaparecimento e a atuação das autoridades brasileiras nas investigações possam influenciar, politicamente, na aprovação do Brasil na organização, essa decisão não deve ser tomada a curto prazo. De acordo com Kai Enno Lehmann, a OCDE deve analisar o país e o progresso das metas por um bom tempo. “Não estamos falando de semanas ou poucos meses, estamos falando de mais de um ano ou vários anos, para que haja respaldo de que ‘tomamos cuidados para garantir que o Brasil está aderindo ao que nós consideramos de boas práticas mundiais para que haja uma sustentabilidade’. Isso é uma questão política e técnica. Não vejo um desfecho rápido desses processos”, finalizou o professor. O chamado roteiro do entrada do Brasil na OCDE foi aprovado na pelo Conselho Ministerial do grupo na semana passada e definiu comitês que “examinarão as políticas dos candidatos e os critérios do exame”. A estimativa é que o processo dure de dois a três anos.

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