Casos de Covid-19 em cruzeiros eram ‘quase inevitáveis’, diz ex-diretor da Anvisa

Assim como a agência reguladora, Gonzalo Vecina defende a paralisação temporária das viagens marítimas, principalmente pelos avanços da Ômicron e pela epidemia de gripe

  • Por Jovem Pan
  • 03/01/2022 09h26 - Atualizado em 03/01/2022 10h22
Divulgação/Costa Cruzeiros Navio Costa Diadema Recomendação é que os cruzeiros sejam suspensos até que seja apurado se houve descumprimento dos protocolos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode aplicar multa e até suspender as atividades em navios de cruzeiro por causa dos casos de Covid-19 registrados entre os tripulantes e passageiros. Neste domingo, 2, o MSC Preziosa, que atracou no Pier Mauá, no Rio de Janeiro, somou 28 casos da doença. Agora, a agência reguladora investiga se houve descumprimento das normas sanitárias vigentes. A avaliação, no entanto, é que mesmo com os protocolos os contágios pelo coronavírus eram quase inevitáveis. “A variante nova que estamos vendo circular, a Ômicron, tem a principal característica de conseguir achar uma maneira de se espalhar rapidamente. Isso dificultou que as pessoas não se infectassem, era quase inevitável”, afirma o médico sanitarista, fundador e ex-diretor da Anvisa Gonzalo Vecina.

Assim como a agência reguladora, que recomenda o cancelamento da temporada de cruzeiros no Brasil, Vecina enxerga que, neste momento, a melhor decisão seria a paralisação das viagens. “Tendemos a achar que a Ômicron se espalha rapidamente, mas é menos grave. Aparentemente é menos grave, mas estamos convivendo com a Ômicron e com uma epidemia de gripe. Então, do ponto de vista sanitário, somos obrigados a pedir a suspensão dos cruzeiros. Daqui a duas ou três semanas teremos condições de entender como a variante se manifesta e se é menos agressiva”, pontuou, defendendo a posição da agência. O médico sanitarista também afirmou que, caso a recomendação não seja seguida pelo governo brasileiro, a recomendação é que os passageiros redobrem os cuidados, especialmente com uso das máscaras.

“Ele tem que garantir que ele não esteja contaminado, ter realizado o RT-PCR; em ambientes fechados sempre usar a máscara; evitar aglomerações e até proximidade com outras pessoas durante momentos que está se alimentando, que está em alguma atividade. Mas é bastante difícil”, acrescentou. A recomendação da Anvisa é que os cruzeiros sejam suspensos na costa brasileira até que sejam apurados “os indícios de descumprimento dos protocolos sanitários por parte das empresas responsáveis pelas embarcações”. A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos discorda da sugestão da Anvisa e afirma que os navios que transitam na costa do país segue “rigorosos protocolos de saúde”.

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