Celulares roubados são vendidos em plena luz do dia no Centro de SP

Operação Sufoco reduziu em 20% o roubo destes aparelhos, mas a venda ainda acontece em pontos da cidade

  • Por Jovem Pan
  • 04/07/2022 10h34 - Atualizado em 04/07/2022 10h40
Pablo Villarroel/Pixabay adolescentes segurando celular São Paulo registrou mais de 289 mil roubos e furtos de celulares em 2020

Equipe de reportagem da Jovem Pan News flagrou a facilidade com que os chamados “celulares frios”, nome dado à mercadoria roubada, podem ser comprados por qualquer pessoa no Centro de São Paulo. Na rua Glicério, localizada no bairro da Liberdade, cabos, baterias, carregadores e celulares são espalhados sobre um pano e comercializados de forma ilegal em plena luz do dia. A reportagem chegou a negociar um celular e, quando questionado se o aparelho tinha um ID, o vendedor garantiu que o celular era de fato “frio”. O ID é um número de identificação único de cada celular, quando o aparelho é roubado os criminosos alteram o código para que o dispositivo não seja rastreado.

Alguns celulares chegam a ser vendidos sem bateria, mas os vendedores têm um esquema muito elaborado e indicam outros comerciantes de produtos roubados que vendem os acessórios. Para o coronel reformado da Polícia Militar e ex-secretário nacional de Segurança José Vicente da Silva a comercialização destes celulares incentiva o roubo e alerta que quem compra os aparelhos também está cometendo uma ilegalidade: “É um grande mercado porque existe um grande público para isso. Eventualmente, nós podemos constatar e verificar possíveis locais onde estão concentrando a venda de celulares de origem criminosa”. O governador Rodrigo Garcia afirmou que a Operação Sufoco, que foi iniciada em 4 de maio, reduziu em 20% o roubo de celulares e a apreensão destes aparelhos aumentou 70%.

No entanto, o coronel acredita que falta maior atuação da polícia para coibir a venda destes aparelhos. “Os locais já bastante ‘manjados’, como se diz, na região da Santa Efigênia, é aonde estes celulares são vendidos e ofertados, mas quando se anda na região nós verificamos uma quantidade enorme de produtos de origem criminosa e contrabando. Infelizmente a polícia não está reprimindo esses locais que se tornam uma grande praça de venda e compra de produtos de origem criminosa”. Os celulares são os principais atrativos dos criminosos, mas correntes e colares também não passam batidos por eles. De forma geral, os roubos na Avenida Paulista cresceram 32% segundo o levantamento feito pela Jovem Pan News, com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Em 2021, foram 366 casos e neste ano já são 486 registros.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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