Cemitérios municipais de São Paulo sofrem com furtos e falta de manutenção
Funcionários afirmam que peças de valor dos túmulos foram roubadas e que é necessário que a família ou a prefeitura fechem os jazigos com cimento para evitar novos crimes
O abandono de cemitérios na cidade de São Paulo tem deixado os donos de proprietários de jazigos aflitos. A reportagem da Jovem Pan News esteve no cemitério do Araçá e não cemitério São Paulo, ambos conhecidos por abrigar túmulos de famílias tradicionais e também de imigrantes. A destruição foi flagrada pela equipe. Bandidos invadem o espaço para roubar as placas de bronze e levar pertences de visitantes, covas e caixões são arrombados em busca de objetos e até mesmo dentes de ouro das pessoas que foram enterradas. O jeito é colocar cimento nos locais velados. Sem saber que estava sendo gravado, um funcionário do cemitério São Paulo revelou que a situação é caótica: “O cimento, depois de roubaram alguns, a prefeitura que mandou colocar, outros foi a família que fechou. Roubaram no cemitério todo. Tudo que era de valor, levaram tudo, tudo o que era de bronze. Não tem mais nenhum túmulo original”. Outra funcionária diz que é um desgosto chega ao trabalho em um cenário de devastação. “Vocês chegava aqui e tinha vontade de chorar, tudo quebrado. Tudo o que era de bronze, tem poucas coisas que ficaram”, relata uma funcionária. No cemitério do Araçá, uma funcionária indica que segurança só há no mausoléu da polícia. Uma segunda colaboradora da unidade diz que os furtos viraram rotina: “parece que legalizou. Tá muito”.
João Batista Gomes, secretário de política intersindical dos servidores públicos municipais de São Paulo, destaca que o serviço funerário responsável pela administração dos cemitérios tem que responder pelos danos ao patrimônio. “Porque eles que são responsáveis pelas guardas dos túmulos. Então, ao fim, é o serviço funerário que é responsável pela guarda. E eles têm que responder por isso. A manutenção do tumulo é uma coisa, a segurança do cemitério é do serviço funerário, só que ele não faz a contento. É uma política de deixar deteriorar, piorar a situação, e justifica a entrega para a concessão”, diz.
Uma mulher e sua mãe foram vistoriar o túmulo da família e, quando chegaram lá, estava arrombado. “Agora eu vou ter que mandar arrumar, porque quebraram. Roubaram até o nome ‘família’ [da placa]. O pior é que você paga um salário mínimo, eles dividem em duas vezes. Eu não estava vindo mais por causa da pandemia, agora eu estou vindo. Eu tirei foto e vou ligar para ele [o serviço funerário] e perguntar o que está acontecendo. Aqui é uma mafia”, comenta. Ao todo, são 22 cemitérios municipais na capital paulista. Em nota, a prefeitura afirma que a atual gestão busca medidas imediatas para potencializar a segurança e melhorar ainda mais os serviços de atendimento, manutenção e segurança das necrópoles. O serviço funerário vem adotando gestão pessoal e estudos para a utilização de novas tecnologias como iluminação, sensores de presença e câmeras de monitoramento.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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