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CFM e especialistas divergem sobre ‘kit Covid-19’ em debate na Câmara

MG - COVID-19 BELO HORIZONTE, HIDROXICLOROQUINA - GERAL - MEDICAMENTO REUQUINOL HIDROXICLOROQUINA - Medicamento Reuquinol, à venda em farmácia na cidade de Belo Horizonte, nesta quarta-feira 20. O Ministério da Saúde publicou nesta quarta-feira (20) um novo protocolo ampliando o uso da Cloroquina e da Hidroxicloroquina no tratamento de pacientes diagnosticados com a COVID-19. O uso do medicamento, ainda sem comprovação cientifica, é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. 20/05/2020 - Foto: FERNANDO MORENO/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Enquanto a CPI sobre a condução da pandemia não é instalada, integrantes da comissão temporária do Senado seguem ouvindo especialistas no tema. Medicamentos como a cloroquina já tiveram a eficácia desmentida em pesquisas. O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Donizetti Dimer, argumenta que os profissionais têm autonomia para prescrever os medicamentos. “A posição do Conselho Federal, ela defende, sim, a autonomia médica. Mas o médico é responsável por isso. O exemplo até um pouco polêmico é que o CFM tem recomendações para o uso do canabidiol. Alguns médicos prescrevem fora da bula porque acreditam, apesar de não ter evidência reconhecida disso.”

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O Conselho Federal de Medicina já autorizou médicos a adotar, fora da bula, cloroquina e ivermectina — comprovadamente ineficazes. A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Margareth Dalcolmo, destaca que as controvérsias já deveriam ter sido superadas. “Acho que o Brasil nos constrange quando nós vemos a quantidade de dinheiro que foi gasto de maneira absolutamente equivoca comprando medicamentos que não serviram para nada, dos quais não há mais nenhuma controversa. O período de controversa já passou. Já houve esse momento. Hoje o estudo é coisa antiga, passada, sedimentada. Esses medicamentos não servem para nada, já sabemos disso. Nós já nem mais discutimos isso, estamos discutindo o que nós poderemos incorporar.” A pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, salienta que a regulação de medicamentos no Brasil é rígida e competente.

A cientista e doutora em Microbiologia, Natália Pasternak, lamenta a postura do Conselho Federal de Medicina. “Não existe tratamento medicamentoso específico para Covid-19 e isso não deveria ser uma surpresa. Grande parte das viroses, doenças causadas or vírus no mundo, também não tem remédio. Nunca tivemos remédio para sarampo, caxumba, dengue, febre amarela. A gente tem vacinas. Doenças virais, em geral, se controlam com vacinas.” De acordo com Natália Pasternak, o coquetel de medicamentos contra o vírus HIV é uma exceção. Para a cientista, receitar remédios sem eficácia em um momento em que as pessoas estão com medo agrava ainda mais o quadro da pandemia.

*Com informações do repórter Fernando Martins 

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