Chavismo vence eleições marcadas por alta abstenção e boicote da oposição na Venezuela

Opositor, Juan Guaidó anunciou que adotará o princípio da continuidade constitucional para manter suas funções

  • Por Jovem Pan
  • 07/12/2020 08h53
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EFE/RAYNER PEÑA R. - 07/12/20 Os resultados eleitorais também comprovam que personalidades do partido no poder conquistaram cargos na Câmara

O chavismo venceu as eleições parlamentares realizadas no domingo, 6, na Venezuela. Elas foram marcadas pela alta abstenção e pelo apelo ao boicote feito pelo setor de oposição que apoia o líder Juan Guaidó, e consolidou seu poder, embora também tenha perdido credibilidade — tanto diante da comunidade internacional como entre a esquerda do país com a qual em outra ocasião havia formado uma aliança. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), entidade que os opositores venezuelanos acusam de alegada parcialidade com o governo de Nicolás Maduro, anunciou na madrugada desta segunda-feira, 7, que o chavismo obteve 67,6% dos votos expressos — cerca de 3.558.320.

A coalizão Alternativa Democrática, que reúne partidos de oposição que compareceram às eleições depois que a Suprema Tribunal de Justiça nomeou novos conselhos de administração, obteve 944.665 votos — 17,95% dos apurados até agora. Este é o primeiro boletim oficial, emitido após a contagem de 82,35% dos votos, enquanto a participação oficial foi de 31%. “Tivemos uma tremenda vitória eleitoral”, disse o presidente Nicolás Maduro após o primeiro relatório, embora ainda não se saiba o número exato de cadeiras conquistadas pelo Grande Polo Patriótico, a plataforma partidária que o apoia.

Os resultados eleitorais também comprovam que personalidades do partido no poder conquistaram cargos na Câmara. Alguns deles, são: Diosdado Cabello, a primeira-dama Cilia Flores, María León, o apresentador de televisão Mario Silva e o ex-presidente do Parlamento Jesús Soto. Com esse panorama, o chavismo retoma o controle do Legislativo, órgão que serviu aos opositores para lançar sua ofensiva contra o governo de Nicolás Maduro, que governa o país sul-americano desde 2013.

“Temos muitas razões para estar felizes”, disse Cabello, durante uma reunião do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), comemorando os resultados. A vitória, ao mesmo tempo, acrescenta o Parlamento ao poder que o chavismo mantém na Venezuela: controla 19 dos 23 estados, comanda 305 das 335 prefeituras, tem 227 dos 251 deputados das assembleias legislativas regionais. Além disso, quase nove em cada 10 vereadores, que deliberam nos parlamentos municipais, respondem às diretrizes do chavismo.

Eleições questionadas

À medida que ganha mais poder, o chavismo perde mais legitimidade interna e externa. Isso vem acontecendo desde 2017, quando a Assembleia Nacional Constituinte foi instalada no país — uma entidade que não é reconhecida pela oposição e parte da comunidade internacional. O governo colombiano reiterou que não reconhecerá o resultado das eleições, que considera “fraudulentas” e promovidas por um “regime ilegítimo”. São esperados pronunciamentos dos Estados Unidos e da União Europeia no mesmo sentido. Guaidó reiterou que não reconhece as eleições, que qualificou como fraudulentas, e alertou que as divergências políticas entre o chavismo e a oposição vão se aprofundar após as eleições.

Juan Guaidó proclamou um governo interino no final de janeiro de 2019, com base na sua interpretação de vários artigos da Constituição e protegeu em sua posição de chefe do Parlamento, o único corpo que era controlado pela oposição. Então, foi imediatamente reconhecido pelos EUA e vários países da região, um apoio que, semanas depois, subiu para 50. Após o boicote que convocou às eleições parlamentares deste domingo, Guaidó perderá o status de chefe do Legislativo a partir do próximo dia 5 de janeiro, quando os novos deputados eleitos serão empossados. Na mesma mensagem, ele anunciou que adotará o princípio da continuidade constitucional para manter suas funções como presidente interino. Henrique Capriles, duas vezes candidato à presidência da Venezuela, pediu que a oposição repense a estratégia “e abrir caminhos de mãos dadas com todos os setores” do país.

*Com informações da EFE

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