Mesmo em ‘casos leves’, cloroquina não promove tratamento para a Covid-19, afirma infectologista
O uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina não promove o tratamento clínico de pacientes com a Covid-19, garante o infectologista do Instituto Emílio Ribas e do Hospital Israelita Albert Einstein, Jean Gorinchteyn. A afirmação do médico foi feita após o presidente da República Jair Bolsonaro, que testou positivo para a doença na terça-feira (7), dizer que está tomando o medicamento.
De acordo com Gorinchteyn, em termos científicos, os estudos realizados com pacientes críticos mostraram ineficácia do medicamento para o tratamento da doença. Além disso, as pesquisas mostram que os efeitos colaterais da medicação que podem agravar o quadro de saúde dos pacientes. Para os pacientes com “casos leves da doença”, ou seja, que não precisam de internação, como o próprio Bolsonaro, os estudos também demonstram ineficácia.
“Por enquanto não temos nenhum trabalho que sustente a utilização da cloroquina. Outros trabalhos, realizados com pacientes ambulatoriais, que não estão internados em ambientes hospitalares, não estão trazendo as respostas necessárias. Então são avaliações pouco expressivas que não consolidam. A nossa preocupação é que o uso do medicamento em pacientes que já apresentam complicações pelo coronavírus possa trazer um risco ainda maior”, afirmou o médico em entrevista ao Jornal da Manhã, desta quarta-feira (8).
Jean Gorinchteyn avalia que, inicialmente, as primeiras pesquisas sobre o uso do medicamento apresentaram resultados “bastante otimistas”, o que naturalmente levou as autoridades, como Donald Trump e o próprio presidente Bolsonaro, a defenderem o uso da medicação. No entanto, após resultados mostrarem a ineficácia para o combate à doença, o infectologista avalia que cabe tanto aos governos, quanto aos profissionais de saúde, clareza nas informações.
“Temos muitos profissionais que ainda prescrevem [a cloroquina] ou que ainda aparecem na mídia defendendo a utilização deixando tanto as autoridades quanto a própria população dividida. Acredito que aqueles médicos que não se pautam na ciência também trazem confusão para a população”, avalia.
O infectologista lembrou ainda que as manifestações da doenças são múltiplas e individuais, e podem gerar diferentes sintomas para cada paciente. Sendo necessário, portanto, uma avaliação na condição imunológica de cada infectado para estabelecer os diversos quadros possíveis da doença.
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