Com embates, comissão inicia discussão do relatório final da PEC do voto impresso

Votação final ficou para quinta-feira, 8, e o resultado é imprevisível, sobretudo com a pressão contrária de pelo menos 11 partidos e da própria Justiça Eleitoral

  • Por Jovem Pan
  • 06/07/2021 10h56 - Atualizado em 06/07/2021 15h42
Nelson Jr./ ASICS/TSE O Tribunal Superior Eleitoral garante que as urnas eletrônicas são eficientes, seguras e auditáveis Projeto prevê que impressoras sejam acopladas às urnas eletrônicas

A Comissão Especial na Câmara dos Deputados começou a discutir nesta segunda, 5, o relatório do deputado Filipe Barros (PSL) que defende a adoção do voto impresso no país. O parecer prevê que impressoras sejam acopladas às urnas eletrônicas e que cédulas em papel sejam depositadas automaticamente em outra urna inviolável, permitindo futura conferência em caso de contestação do resultado da votação eletrônica. A sessão foi marcada por embates entre críticos à ideia e defensores da proposta, apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro. Sem citar nomes, a autora do projeto, deputada Bia Kicis (PSL), acusou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de fazerem campanha contra o voto impresso. “Estamos sofrendo um ataque, uma campanha do Judiciário, por intermédio de alguns membros do Supremo Tribunal Federal, que ao invés de permanecerem julgando as ações, estão interferindo, aos olhos do povo, na missão do parlamento”, disse a deputada. O deputado Orlando Silva (PCdoB) rebateu as acusações.

“A presidente da CCJ atacou abertamente ministros do Supremo Tribunal Federal. É a mesma tônica do presidente Bolsonaro, que chegou ao escândalo de afirmar que não sabe medir as consequência caso não haja voto impresso em 2021, numa clara ameaça a desrespeitar o resultado das eleições”, afirmou Orlando Silva. A votação final na comissão especial ficou para quinta-feira, 8, e o resultado é imprevisível, sobretudo com a pressão contrária de pelo menos 11 partidos e da própria Justiça Eleitoral. Em debate no Senado na segunda-feira, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, voltou a criticar a possibilidade de implementação do voto impresso. “O voto impresso só se presta para recontagem manual. Então, se o candidato a Presidente da República pedir reportagem, nós vamos ter 150 milhões de votos com dados manualmente para as mesas apuradoras, que faziam o terror na vida brasileira antes das urnas eletrônicas. Portanto, o voto impresso não é um mecanismo a mais de auditoria, ele é um risco para o processo eleitoral”, argumentou o ministro. Em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o voto impresso. “O voto auditável é para você ter certeza para quem está indo o voto, ao contrário do que falam.” O custo previsto para adoção do voto impresso é de R$ 2 bilhões.

*Com informações da repórter Caterina Achutti

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