Com fim do auxílio emergencial, doações aliviam situação dos mais pobres

Segundo o Ipea, quase três milhões de famílias sobreviviam apenas com o benefício pago pelo governo

  • Por Jovem Pan
  • 11/01/2021 09h30
EFE/ Antonio Lacerda doação-coronavirus-brasil Segundo a ONG Centro de Mulheres, mais de 12 toneladas de alimentos foram distribuídos para famílias do Rio de Janeiro nos últimos meses

Moradora da Cidade de Deus, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, Elisabeth Monteiro perdeu o emprego durante a pandemia. O auxílio emergencial ajudou a aliviar a situação por um tempo. Com o fim do benefício, agora ela faz bicos para criar a filha pequena. “Eu tô na expectativa de que essa doença, Deus que me perdoe, diminua para poder voltar ao normal. Mas, infelizmente, se não diminuir, a tendência vai ser piorar mais ainda[a situação], porque vão fechar tudo de novo, o que vai ser de nós?”, questiona a moradora. Segundo o Ipea, quase três milhões de famílias sobreviviam apenas com o auxílio pago pelo governo. A queda generalizada na renda dos mais pobres no período atingiu principalmente os trabalhadores informais.

A dona de casa Gildete Neves conta que tem vivido das doações que recebe. “O auxílio emergencial cortaram e a gente está passando necessidade, porque ajudava muito. Agora, sem o auxílio, a bolsa [doações] que estão dando está ajudando bem mesmo.” Assim como ela, Rosie Ferreira acredita que toda ajuda é fundamental. “Se já existia desemprego, agora está pior. O meu esposo trabalha com vendas, mas não está vendendo. Eu estou sobrevivendo pela ajuda da cesta básica”, relata. Segundo a diretora da ONG Centro de Mulheres, Gilciara Neves, 12 toneladas de alimentos já foram entregues a mais de mil famílias em áreas pobres do Rio nos últimos meses. “Nós percebemos que essas mulheres da comunidade estão em vulnerabilidade, contando até mesmo com o auxílio emergencial. Algumas receberam, outras não.”

A presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, Paula Fabiani, diz que o aumento da desigualdade na crise é a maior razão para a manutenção de ações solidárias. “Eu acredito que a pandemia trouxe uma maior consciência social, não só dos indivíduos, mas das corporações e do se papel na sociedade. Acredito que isso deve continuar no pós-pandemia”, relata. Apesar das pressões, sobretudo de parte do Congresso Nacional, o governo federal tem reforçado que não há espaço no orçamento para a volta do auxílio emergencial.

*Com informações da repórter Lívia Fernanda

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