Com presença da PM e uma semana após mortes, moradores de Paraisópolis fazem baile neste sábado

  • Por Jovem Pan
  • 07/12/2019 07h31
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Evelson de Freitas/ Estadão Conteúdo Evelson de Freitas/ Estadão Conteúdo De acordo com o governador de São Paulo, João Doria, PM vai "revisar protocolos" das ações em comunidades

Uma semana depois da morte de nove jovens, volta a acontecer, neste sábado (7), o Baile da DZ7, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. De acordo com um cartaz que circula nas redes sociais, o “pancadão” será uma homenagem as vítimas, que tinham entre 14 e 23 anos. O anúncio pede para as pessoas irem vestidas de branco.

Na madrugada do último domingo (1º), nove frequentadores do baile funk morreram após uma ação policial na favela e outros 12 ficaram feridos. Houve tumulto e pisoteamentos na festa, que reúne cerca de cinco mil pessoas.

A Polícia Militar (PM) alega que a confusão começou após criminosos atirarem contra eles.

Nesta sexta-feira (6), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que a polícia vai realizar ações neste fim de semana no baile. “Haverão procedimentos distintos, revisão de protocolo, mas a presença da Polícia Militar está assegurada na comunidade. Eles estão cientes disso, com a revisão de procedimentos. Mas a segurança continuará a ser feita na comunidade de Paraisópolis, como em todas as demais comunidades na região metropolitana de São Paulo”, afirmou.

Doria não deu detalhes de quais procedimentos serão revistos e disse que, na semana que vem, vai anunciar atividades de lazer, cultura, qualificação profissional e saúde para as favelas de Paraisópolis e Heliópolis.

A Secretaria de Segurança Pública (SPP) informou que haverá policiamento no local, “com ações preventivas e ostensivas em pontos estratégicos de Paraisópolis ao longo do final de semana”. Segundo a nota, a medida visa “garantir o direito de ir e vir das pessoas e combater o tráfico de drogas, furtos e roubos”.

O advogado Fernando Fabiani Capano, que defende os policiais envolvidos na ação, disse, também nesta sexta-feira (6), que os agentes conseguiram “evitar uma tragédia maior”. No entendimento dele, “o resultado trágico do último domingo nada tem a ver com a conduta direta ou indireta dos policiais militares que lá estavam”.

Ele disse, ainda, que organizadores têm responsabilidades ao promover esse tipo de evento, que “reúne grande multidão, sem cumprir minimamente as regras e posturas municipais de ocupação do espaço público”.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou preocupação a respeito dos fatos ocorridos em Paraisópolis. A CIDH condenou categoricamente a ação policial e cobrou que o Estado inicie, sem demora, uma investigação “séria, imparcial e eficaz” dos fatos, orientada a determinar a verdade.

O órgão, que pertence à Organização dos Estados Americanos (OEA) ainda pede a “individualização, julgamento e eventual sanção dos responsáveis pelos fatos”. Além disso, a comissão lembra que o Estado tem o dever de prestar reparação às vítimas de violência e suas famílias. A CIDH chamou o Estado brasileiro a revisar protocolos de segurança, com um foco em direitos humanos.

O caso é investigado pela Polícia Civil e pela corregedoria da PM.

*Com informações do repórter Afonso Marangoni 

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