Com Reino Unido em isolamento obrigatório, 20% da população global está em quarentena

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 24/03/2020 07h14 - Atualizado em 24/03/2020 08h58
EFE coronavírus, covid-19 As prateleiras continuam sendo esvaziadas rapidamente em um sinal de que a população, pelo menos em Londres, não parou de estocar produtos

O Reino Unido tem nesta terça-feira (24) seu primeiro dia de isolamento obrigatório — no que promete ser uma campanha duríssima para combater o coronavírus. Os casos da doença continuam crescendo de forma assustadora: são ao menos 6.650 casos confirmados, com 335 mortes.

Na prática, sabe-se que a epidemia deixou muito mais gente contaminada uma vez que o governo não tem conseguido testar todo mundo.

Na segunda-feira (23), o primeiro-ministro Boris Johnson não concedeu uma entrevista coletiva à tarde, como vinha fazendo diariamente. Johnson fez um pronunciamento em cadeia de TV e rádio em horário nobre, às 20h30, para anunciar o inevitável.

A partir de agora os britânicos estão obrigados a ficar em casa pelas próximas três semanas. As pessoas só podem ir às ruas para se exercitar uma vez por dia e sozinhas — ou ao lado de parentes que morem na mesma casa.

Estão liberadas idas indispensáveis ao supermercado e às farmácias, além de saídas para trabalhar nas funções consideradas essenciais. Reuniões públicas com mais de duas pessoas estão proibidas. Todo o comércio não essencial fechou as portas.

A polícia e autoridades locais têm o poder de dispersar grupos e de multar quem não obedecer às regras. Dessa forma, Londres se junta lentamente à outras capitais europeias que já têm bloqueios até mais restritos — como Roma, Paris e Madrid.

Ainda que Boris Johnson tenha anunciado as restrições inicialmente até depois da Páscoa, também parece ponto pacífico que o esforço será mais longo. A curva ascendente de contaminações aqui no Reino Unido ainda parece distante de seu pico, segundo as autoridades locais.

O principal drama fora dos hospitais no país tem sido vivido nos supermercados. As filas continuavam até  segunda-feira — antes do anúncio do primeiro-ministro. A maior parte das redes não está vendendo pela internet.

As prateleiras continuam sendo esvaziadas rapidamente em um sinal de que a população, pelo menos em Londres, não parou de estocar produtos.

Com a entrada do Reino Unido no período de confinamento obrigatório, agora 20% da população global está isolada. Ainda assim os casos de coronavírus seguem crescendo rapidamente — os primeiros 100 mil levaram 67 dias para serem confirmados.

Já os últimos 100 mil casos apareceram em apenas quatro dias, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Por isso a insistência em medidas tão restritivas que, evidentemente, vão ter um impacto econômico devastador — mas que em última instância podem evitar uma tragédia humana impensável no século XXI.

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