Coronavírus: Especialista explica como será a quarentena
Os 34 brasileiros que foram repatriados da China devido à epidemia do novo coronavírus devem chegam a Anápolis (GO) neste domingo (9). O grupo será levado a um hotel improvisado na base aérea da cidade e todos farão uma quarentena de 18 dias.
O hotel tem 900 metros quadrados, 38 quartos com 16,5 m² cada, lavanderia, brinquedoteca, enfermaria, internet e área de entretenimento. De acordo com o Ministério da Defesa, serão oferecidas seis refeições diárias aos brasileiros.
A infectologista e professora da Unifesp Nancy Bellei explicou em entrevista ao Jornal da Manhã como vai funcionar a quarentena e esclareceu algumas dúvidas referentes ao coronavírus.
As pessoas terão contato entre elas durante a quarentena?
A notícia que temos, pelo menos aqui no Brasil, é que elas ficarão em quartos isolados, com exceção das famílias que têm crianças, que foram colocadas em dois dormitórios. Neste caso, não estão isoladas uma a uma, mas as demais pessoas sim. Essa medida é importante, porque todos esses pacientes estão assintomáticos e, se algum ficar sintomático e estiver em um quarto com outro, a chance de passar é até maior do que se estivesse em uma área externa, por exemplo.
Como será a alimentação no hotel?
Vai ter um refeitório, mas ainda não está claro se as pessoas irão se alimentar em turnos, já que não dá para comer sem a máscara.
Se alguém tiver coronavírus na quarentena, o que será feito? Porque o tempo de espera é de 18 dias?
Na grande maioria dos casos, o tempo de incubação é de cinco a sete dias, um ou outro relato diz 14 dias, que é o tempo máximo. O Ministério da Saúde adotou 18 dias por um excesso de zelo. Se um dos pacientes apresentar o quadro — a maioria são sintomas leves, pela avaliação da Organização Mundial da Saúde (OMS) — provavelmente será tratado lá mesmo. Porém, o Hospital de Brasília está na retaguarda se precisar transferir.
Quem pode ser infectado pelo vírus?
Todo mundo, já que ninguém tem imunidade ou conhece o vírus. Vimos poucos relatos na China, não temos mais que 500 deles, e têm mais de 35 mil infectados. Porém, nos relatos que tivemos acesso, parece que as crianças e adolescentes são poupadas no sentido de quadros hospitalares. A infecção ocorre, têm relatos de famílias, inclusive uma criança de 10 anos que não apresentou sintomas, mas os exames foram positivos. Infectar todo mundo pode, mas idosos e pacientes crônicos têm mais possibilidades de vir a óbito.
Quais são os sintomas?
Na maior parte dos casos, semelhantes aos de uma gripe comum, como coriza, dores no corpo, tosse, dor de garganta e febre. Nos casos graves, pode haver infecção das vias respiratórias, pneumonia e falta de ar. Cerca de 20% ou 30% das pessoas chegam no hospital com falta de ar.
Como ocorre a transmissão?
O contágio ainda não está tão claro. Há um caso, por exemplo, de um paciente que transmitiu para 14 pessoas dentro de um hospital. Às vezes, em uma situação de epidemia, onde as coisas saem do controle, muita gente que nem está com o vírus vai ao hospital e pode pegar. O que sabemos é que, com certeza, se transmite o coronavírus por gotículas.
É necessário usar máscaras?
A máscara chamada n-95 — conhecida como bico de pato — protege contra o aerossol e é para ser usada somente no serviço de saúde. Já a máscara cirúrgica, que é a comum, pode ser usada fora. A OMS alertou que o estoque da n-95 está acabando porque muitas pessoas compraram para utilizar fora do ambiente hospitalar, quando não existe essa indicação.
Você percebe que há uma diminuição no número de casos?
Hoje a OMS considerou que houve um segundo pequeno declínio no aumento de casos. Pode ser que a gente comece a ver o pico descendente do número de casos em Hubei. Já as outras províncias chinesas já estão com números estáveis.
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